A paixão segundo G.H.: a alegria da alteridade
Existencialismo. Sartre. G.H. Clarice Lispector. Alteridade.
Esta pesquisa tem como objetivo analisar a construção do Eu que se dá na obra de Clarice Lispector, mais precisamente no romance A paixão segundo G.H.. A fragmentação do Eu é uma marca do indivíduo da modernidade, o que faz com que tenhamos cada vez mais a necessidade de nos conhecermos e tomarmos consciência do mundo que nos rodeia, para assim atribuirmos um sentido para a existência. O que vemos nesse romance é a necessidade de encontrar-se consigo mesma apresentada por uma autora que se mostra presente em seus escritos como um elemento literário que conduz o desenvolvimento da narrativa do começo até o fim. Esse processo de construção do Eu só se estabelece por meio do olhar do Outro, que é quem nos observa por completo em todos os aspectos. Para estabelecer essa relação entre literatura e alteridade iremos recorrer às ideias de Jean-Paul Sartre estabelecidas em seu tratado fenomenológico O ser e o Nada: Ensaio de Ontologia Fenomenológica. Por meio de um Outro, muitas vezes inusitado e estranho, G.H. estabelece uma compreensão de si, cujo processo de construção da identidade apresenta-se como sendo tumultuado, desgastante, violento, desolador e inquietante. Assim, Clarice, por meio de sua personagem, G.H. vive a alegria atormentada da descoberta da existência. Ela descobre qual a alegria de viver, mesmo que essa seja uma alegria "difícil".