INSTÂNCIAS DE PODER: O DISCURSO HEGEMÔNICO DA CIÊNCIA E SUA APROPRIAÇÃO NOS TEXTOS DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA
Hegemonia da Ciência; Divulgação Científica; Instâncias de Poder; Construção Simbólica.
A presente pesquisa pretende discutir as estratégias sociodiscursivas de apropriação do poder hegemônico da ciência nos textos de divulgação científica nas revistas Superinteressante e Galileu. Assim, a partir da delimitação de duas revistas por ano de cada veículo e de um corpus semiestruturado de 16 exemplares coletados, a materialidade analisada compõe-se de um conjunto de seis matérias de capa lançadas entre os anos de 2013 e 2016. Esses veículos, ao tomar a voz da ciência para si, passam a usufruir de um controle e prestígio social exercido pelo próprio discurso científico em detrimento da sociedade classificada como “leiga” na relação com o saber científico. Portanto, as redes editoriais de divulgação da ciência tem, tal qual um lócus de excelência técnica, regulamentado a vida material dos cidadãos, agindo como um Sistema Perito, como designou Giddens (1991, 2002). A ciência é um discurso socialmente cristalizado e as revistas de divulgação da ciência têm seguido nessa esteira para prosperar em um mundo financeiramente competitivo. Por isso, pretendemos demonstrar como o domínio do discurso científico, tanto quanto o da divulgação científica proporcionam acesso a recursos materiais e instâncias de poder. A pesquisa está fundamentada principalmente na Análise Crítica do Discurso, a partir das obras de Fairclough (2001 [2008], 2003, 2006, 2009), Chouliaraki e Fairlcough (1999) e na Abordagem Sociológica e Comunicacional do Discurso para análise das questões concernentes à Comunicação para a Mudança Social e dos tipos de poder, a partir das proposições de Pedrosa (2012, 2013). Buscamos ainda revelar as estratégias discursivas de construção do discurso hegemônico da Divulgação Científica, demonstrando os modos de construção simbólica (ideológicas), por meio do seu caráter fortemente marcado pela intertextualidade e hibridismo de gênero, e para tal nos guiaremos pelas propostas de Thompson (2009) e Feyerabend (2011). Metodologicamente, a pesquisa está situada em um paradigma qualitativo, inserido no âmbito das Ciências Humanas e Sociais, com foco na Linguística Aplicada (LA). A LA vem desenvolvendo diálogos frutíferos com as teorias sociais críticas para a construção de um campo de estudos que extrapola a relação entre teoria e prática e leva em consideração todos os interactantes das situações estudadas, quebrando a lógica das vozes estabelecidas.