FEMINISMO NA REDE: O [CYBER]ATIVISMO NO FACEBOOK E A CONSTRUÇÃO DISCURSIVA DE IDENTIDADES
Práticas discursivas, Facebook, Identidades, Feminismo, Maternidade.
A atual complexização das relações humanas semiotizadas nos enunciados e a popularização da interação virtual por meio das chamadas redes sociais trazem consigo a necessidade de se problematizar os novos e engenhosos meios de diálogo com o outro e com a diversidade de opiniões e de produções culturais e ideológicas nas quais questões relativas ao gênero feminino e, mais especificamente, ao conceito de maternidade estão imbricadas. Considerando a importância da luta feminista ao longo da história e o seu atual destaque em fóruns, blogs e sites de redes sociais, nosso trabalho analisa postagens veiculadas em duas páginas da rede social facebook autointituladas feministas (Moça, você é machista e Não aguento quando), identificando vozes sociais sobre a temática da maternidade e problematizando identidades discursivamente construídas sobre ela. Para desenvolvimento da pesquisa, ancoramo-nos nas Proposições do Círculo de Bakhtin e nos pressupostos da Linguística Aplicada (MOITA LOPES, 2006; 2009), campo de pesquisa que se apresenta “calcado na lógica das multiplicidades” (SIGNORINI, 1998) e busca responder às demandas das Ciências Sociais e das práticas discursivas em constante reinvenção. Ancoramo-nos, ainda, em estudos acerca do movimento feminista, que surgiu no ano de 1848 e se desenvolveu, em todas as suas vertentes, pautado pelo redimensionamento da(s) identidade(s) feminina(s) nas diversas esferas de atividade humana, como discutido em BADINTER (1985), PISCITELLI (1997; 2001) BUTLER (2003), PINTO (2010), PINTO & BADAN (2012) e LIMA & DE GRANDE (2013). Diante da inviabilidade da defesa de modelos ou de um “padrão” de ser mulher na contemporaneidade, consideramos a diversidade constitutiva do movimento feminista com base também nos estudos sócio-culturais de BAUMAN (2001), CANCLINI (1997) e CASTELLS (1999; 2005; 2013). Adotamos como abordagem metodológica a pesquisa de caráter qualitativo-interpretativista e tomamos como base o modelo sócio-histórico da linguagem, entendendo esta como uma prática discursiva. Ao levar em consideração as relações sociais nas quais os enunciados em análise foram produzidos, concluímos que o mundo social (in)determina, interfere, representa, interpenetra e até reformula essa linguagem que materializa resistências, rupturas e, principalmente, o empoderamento da mulher na sociedade.