Canto de muro: A construção de um mundo de papel
Canto de Muro. Intertextualidade. Tradição. Memória.
CANTO DE MURO: A CONSTRUÇÃO DE UM MUNDO DE PAPEL
O corpus desta pesquisa é a obra Canto de Muro (1959), do escritor potiguar Luís da Câmara Cascudo. Trata-se de um romance de costumes que apresenta, em sua temática e estrutura composicional, nitidez científica associada à poeticidade. A obra é a narração da vida, das aventuras e da morte de animais que vivem no quintal de uma chácara urbana, no Tirol, lugar que Cascudo investiga as atitudes e os comportamentos diários dos bichos sob a ótica naturalista (científico), social (cotidiano) e poética (linguagem). Nessa perspectiva, este estudo tem como objetivo compreender e analisar a presença da intertextualidade para a construção da narrativa cascudiana, em que evidenciamos a existência de outros textos tanto de estudos divulgados da História Natural, quanto da cultura popular, que contribuem para a formação do texto literário e para a cultura e a memória coletiva. Sendo assim, a fim de embasar a nossa reflexão sobre a intertextualidade, estamos fundamentados nas teorias dos seguintes estudiosos: Compagnon (1996) e Kristeva (2005), que nos subsidiam acerca da presença de epígrafes, de citações e de notas de rodapé. Além disso, refletimos sobre a tradição popular que caracterizam as personagens animalescas e percebemos como a memória faz parte da obra. Para isso, contemplamos as principais contribuições teóricas de Bornheim (1987), Candido (2000, 2004), Brandão (2008) e Bosi (2006) que discutem com propriedade essas reflexões. Logo, a nossa pesquisa também compreende uma análise das personagens, no tocante às atitudes e às vidas que habitam e visitam o cotidiano no canto do muro, e a figura do narrador pesquisador.