ESCRITURA NÔMADE E TÉDIO EM HARMADA, DE JOÃO GILBERTO NOLL
PALAVRAS-CHAVE: João Gilberto Noll. Harmada. Escritura. Nomadismo. Tédio.
No contexto das produções poéticas da modernidade e da pós-modernidade (HUTCHEON, 1999), este trabalho, a partir da noção de nomadismo (DELEUZE, 2012), conjuntamente com a noção de escritura do filósofo Derrida (2009), tem como escopo estudar no romance Harmada (1993), do artista João Gilberto Noll, o aspecto da escritura nômade nolliana e do tédio no sentido da desconstrução do modelo romanesco. A narrativa em foco instaura uma ficção em trânsito, promovidos pelos nomadismos da escritura do narrador errante que, na constituição da obra, vai se destecendo ao desenrolar da linguagem, numa trama que invade o corpo dos personagens repletos de tédio e estrangeiros de si mesmos, moventes nas espacialidades fragmentadas e fluídas do narrar. Nessa perspectiva, a pesquisa circunscreve-se com fundamentação teórico-metodológica no horizonte das discussões pós-estruturalistas, concernentes aos pensadores-teóricos- críticos: Derrida (2009), Deleuze (1995), Foucault (1996; 2001), Barthes (1977), Svendsen (2006). Neste horizonte de compreensão crítica, a escritura nomádica de Harmada entrelaça-se em três movimentos: primeiro, na linguagem do autor; segundo, nos personagens, levando o narrador-protagonista, sem nome, a viver contundentes crises e dolorosas ambiguidades existenciais, colocadas através da metáfora do artista fracassado sob o signo da “falta”, enquanto busca de outros modos artísticos possíveis de ser e estar no mundo; e, por último, a instância de leitura nômade como efeito de presentificação (GUMBRECHT, 2010) para uma experimentação do leitor. Por fim, nosso trabalho aborda a relação entre a escritura nomádica e a experiência do tédio como potência estratégica do fazer literatura nas artes de Noll.