O CHEIRO DO CARNAVAL: SANGUE DE COCA-COLA E A DITADURA MILITAR BRASILEIRA
Sangue de Coca-Cola, Roberto Drummond, Dialogismo, Carnavalização, Ditadura militar brasileira
Esta pesquisa visa analisar a obra Sangue de Coca-Cola (1980), de Roberto Drummond, a partir de alguns questionamentos pertinentes para a compreensão do caráter inovador da obra, considerando o contexto da época em que foi escrita e publicada. Dentro das questões que orientam a investigação, consideramos, sobretudo, a estrutura formal do romance. Essa estrutura se apresenta de modo experimentalista quando se compara à estrutura comum à maioria dos romances do mesmo período e, sem dúvida, é constituinte de um diferencial estético. O romance apresenta-se como uma composição estética dialógica por trazer os discursos sociais em dissonância na narrativa. Além desse aspecto dialógico, a carnavalização é um conceito imprescindível ao analisar Sangue de Coca-Cola, já que este romance elabora uma sátira do contexto sócio-político. Elementos da carnavalização e do fantástico fazem da obra uma literatura que se preocupa em engajar-se na discussão política da ditadura militar. A partir do estudo da formalização estética do romance, buscamos entender de que modo a sociedade vem participar de sua composição. Nosso estudo, no entanto, não pretende esgotar as possibilidades interpretativas da obra, nem pretende debruçar-se sobre a situação sócio-político de uma época, mas observar o diálogo entre a obra e o contexto, ressaltando de que modo a sociedade participa e é relevante para a configuração do romance.