Era uma vez: a construção de um gênero literário à luz de “Branca de Neve e os Sete Anões”
Conto de fadas literário. Oralidade. Preservação da memória.
O presente trabalho é desenvolvido a partir da análise do conto de fadas literário. É analisada aqui a formação desse gênero, observando-se questões sociais e culturais, intrínsecas ao literário. O conto de análise inicial é “Branca de Neve e os Sete Anões”, publicado em 1812 pelos irmãos Jacob e Wilhelm Grimm. A partir dele é feito um trabalho de ‘rastreamento’ (GINZBURG) de contos que possuam elementos narrativos e símbolos semelhantes, dentre os quais foram selecionados contos de Basile (1634), Crane (1885), Gozenbach (1870) e Jacobs (1892). O trabalho de análise dos contos é interligado com a compreensão da institucionalização do gênero conto de fadas literário, pois entende-se que a maneira como os contos se mantém vivos em inúmeras culturas tem relação com o cuidado dedicado na preservação dessas histórias (ZIPES). A análise também abrange a simbologia presente em todos os contos selecionados, baseando-se na ideia de que os símbolos cumprem papéis essenciais na permanência de contos orais nas sociedades. A questão da (não) autoria dos contos, bem como a utilização deles para fins de legitimação de identidade de um determinado povo também é bastante relevante nesse trabalho. (B. ANDERSON, POLLAK, LE GOFF, NORA) Por fim, o trabalho culminará no lugar do conto de fadas literário nos dias atuais, percebendo sua relevância e suas ‘adaptações’ feitas com o objetivo de sobrevivência na pós-modernidade.