Multiplicando Veredas entre Guimarães Rosa e Oswaldo Lamartine
Palavras-chave: narrativa, ensaio, memória
Ao pesquisarmos as representações do sertão e seus caracteres dentro das várias literaturas regionais, é provável nos depararmos com perspectivas que promovem uma visão centralizada do espaço pela exclusão do que há além de suas fronteiras geográficas. No entanto, Guimarães Rosa e Oswaldo Lamartine, ao contrário de vários autores que buscam a imagem de tal espaço pelo prisma do “diferente”, nos trazem para a leitura não apenas de ambientes, tipos, costumes e histórias do sertão, mas para uma possibilidade de reconhecimento de fatores humanos inclassificáveis como simplesmente sertanejos. Além de qualquer limitação “regionalizada”, seus trabalhos se envolvem na experiência humana que está no eixo da escrita: as identidades se processam pelo contato, pelo narrar e rememorar, gerando um sertão banhado nos “narradores”. Desse forma, nosso estudo propõe que a rememoração presente em ambas as obras teria função, especialmente em Grande Sertão: Veredas e nos ensaios de Sertões do Seridó, de fator de “enriquecimento” do espaço, e buscamos tal perspectiva diante de duas leituras da “estética” da terra. Para tanto, entendemos que ambos escritores buscam em seus processos de experiência uma inscrição nesse espaço de lembranças, e os analisamos pelas perspectivas do ato de narrar em um sentido próximo a Walter Benjamin, o que também nos leva aos ecos das memórias e suas reconstruções nos projetos de ficcionalização do ambiente que estudamos partindo da memória de idosos por Ecléa Bosi e da memória social por Halbwachs. Esperamos com isso alcançar perspectivas do ato de narrar, do ato de contar histórias sobre tais sertões, como correntes de experiência que deságuam no espaço (re)construído literariamente/ensaisticamente enquanto processo de existência pelas leituras.