Banca de DEFESA: MARLYTON DA SILVA PEREIRA

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: MARLYTON DA SILVA PEREIRA
DATA: 01/11/2013
HORA: 09:30
LOCAL: Auditório "A"
TÍTULO:

OS YOUTUBERS E A REPRESENTAÇÃO DO CERTO, ERRADO, ADEQUADO E INADEQUADO NO TRABALHO COM A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA EM SALA DE AULA


PALAVRAS-CHAVES:

Ensino de Língua Portuguesa. Variação linguística. Livro didático.


PÁGINAS: 150
GRANDE ÁREA: Lingüística, Letras e Artes
ÁREA: Lingüística
SUBÁREA: Lingüística Aplicada
RESUMO:

Algumas das atuais discussões no ensino de Língua Portuguesa (LP) dizem respeito a como se deve lidar na escola com o fenômeno da variação linguística em sala de aula. No ano de 2010, por exemplo, houve uma explosão de falares fora dos círculos acadêmicos que envolveu a população no que respeita à viabilidade e as consequências no trato com a variação linguística no espaço escolar. O estopim dessa explosão foi o fato de que se considerava que o MEC (Ministério da Educação e Cultura) adotara um livro didático destinado à EJA (Educação de Jovens e Adultos) que parecia – aos  olhos de muitos, acadêmicos e leigos – anunciar ser “certo” ensinar “errado”, bastando o “erro” ser recorrente e estar sedimento em alguma comunidade linguística. O livro, titulado “Por uma vida melhor”, 2º volume da coleção “Viver, Aprender”, dos autores Heloísa Ramos et. al., reservou um capítulo específico para problematizar a questão da variação linguística e das relações entre a oralidade e escrita. Para tanto, concentrou as discussões em torno das  noções de variedade culta, padrão popular mensurando-as à possibilidades de adequabilidade linguística.  Neste sentido, um falante da língua, de acordo com o LD, poderia fazer certas “escolhas linguísticas” para fazer uso delas em contextos interacionais diferentes: assim, eleger entre “os menino bonito” ou “os meninos bonitos” dependeria da necessidade contextual em que o sujeito estaria inserido. A comunidade surpreendeu-se com a defesa do “poder” usar, uma vez que seria a escola o espaço de ensinar uma norma “padrão”, e não legitimar a possibilidade de uso de padrões gramaticais que destoavam daquelas preconizados nas gramáticas tradicionais. A imprensa televisiva foi uma das grandes responsáveis em alardear que o MEC havia endossado a utilização, nas escolas, de um livro que legitimava tais padrões linguísticos – mesmo que fosse recorrente na “boca” do povo. A querela foi lançada no Youtube e, nesse espaço, internautas  manifestavam-se a favor ou contra a proposta do LD, muitas vezes direcionando as discussões para questões de ordem exclusivamente políticas. Observamos que, de um lado, erguiam-se argumentos relacionados à Sociolinguística (BAGNO, 2003, 2005, 2007; BAGNO, M.; STUBBS, M.; GAGNÉ, G., 2006; BORTONI-RICARDO, S. M., 2008; TARALLO, F., 1982; WEINREICH U., MARVIN I. HERZOG, LABOV, W., 1968; LABOV, 1972; etc); de outro, argumentos concentravam-se em defender que a escola é o espaço de ensino de língua padrão e não caberia trazer determinadas discussões no interior de um LD. Foi, a partir dessas falas, que nasceu esta pesquisa. Interessou-nos o modo particular como a comunidade midiática, que parecia não ter formação em Linguística, entendia as noções de certo, erradas, adequadas e inadequadas, tão íntimas nos círculos acadêmicos. Nossas reflexões tomam como referência teórica os estudos sociolinguísticos sobre a questão da variação e ensino, documentos oficiais que orientam o “trabalho” com a língua portuguesa em sala de aula, a exemplo dos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) e da Proposta Curricular para a Educação de Jovens e Adultos (PCEJA). Em nossa análise, observamos que o LD “Por uma vida melhor” não faz apologia ao ensino do “erro”, mas levanta discussões sobre a possibilidade da “variação”, ligada a fatores e ordem diversa. Anda assim, não pudemos deixar de lado um fato significativo: o LD “cria” dados de “fala”, quando seria mais interessante fazer uso de dados “reais” – no Brasil, é possível encontrar projetos que têm como objetivo a coleta de dados de fala, a exemplo do Projeto NURC (Projeto de Estudo da Norma Linguística Urbana Culta no Brasil) e do Projeto  “A língua falada e escrita na cidade do Natal”, corpus organizado pelo Grupo de Pesquisa “Discurso & Gramática” (UFRN). Percebemos o quão significativo é observar como falantes de uma língua se posicionam em relação ao ensino da língua da qual são eles falantes e não estudiosos. Nosso estudo mostrou, ainda, que certas questões no tocante ao ensino da língua portuguesa, como é o caso da variação linguística, estão longe de ser pontos resolvidos, seja para linguistas, seja para falantes da língua.


MEMBROS DA BANCA:
Externo ao Programa - 1057540 - CARLA MARIA CUNHA
Presidente - 2226795 - MARIA HOZANETE ALVES DE LIMA
Externo à Instituição - MARIA MARGARETE FERNANDES DE SOUSA - UFC
Notícia cadastrada em: 24/09/2013 15:09
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