Participação e ação política dos psicólogos frente à Política de Saúde Mental no Piauí
Palavras-chaves: reforma psiquiátrica, saúde mental, formação do psicólogo, ação política, compromisso social.
Esse estudo objetivou problematizar as formas de participação e ação política dos psicólogos frente à Política de Saúde Mental no Piauí. Foi motivado pelos desafios postos ao processo de Reforma Psiquiátrica local e nacional, a qual necessita de sustentação técnico-assistencial e sociopolítica para garantir as conquistas e seguir na reversão do modelo manicomial para o psicossocial. Metodologicamente trabalhou-se na perspectiva da análise institucional. A pesquisa de campo foi estruturada em três momentos visando: a) identificar os eventos históricos e políticos que configuraram a Reforma Psiquiátrica local (pesquisa documental/memória oral) e identificar os psicólogos que atuam na Saúde Mental; b) realizar observação participante e entrevista semi-estruturada com 33 psicólogos que atuam na Saúde Mental em Teresina; c) acompanhar os contextos/eventos sociopolíticos do processo de Reforma Psiquiátrica local (observação participante e rodas de conversa). Os dados foram analisados considerando quatro eixos de discussão, alcançados a partir da categorização do material coletado: 1) modos de inserção profissional dos psicólogos na saúde mental; 2) saberes e práticas profissionais utilizados para atuar nesse contexto de trabalho; 3) movimentações político-profissionais dos trabalhadores do processo reformista local; 4) ação política dos psicólogos frente aos rumos da política de saúde mental piauiense. Identificou-se que a participação dos psicólogos na saúde mental piauiense pode ser caracterizada nos níveis macro e micropolítico. O primeiro segue orientado pelo lema do compromisso social, apesar desse movimento não ter equivalência na transformação das práticas e posturas político-profissionais dos psicólogos nos serviços. O segundo constitui-se na micropolítica cotidiana do trabalho, cuja ação política se apresenta implicada com a preservação do modus operandi clássico de ser psicólogo. Portanto, trata-se de ações que dão pouca sustentabilidade técnica-assistencial e sociopolítica à Reforma Psiquiátrica e à luta antimanicomial.