O EFEITO DA EXPANSÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR NA PENDULARIDADE NO NORDESTE BRASILEIRO EM 2000 E 2010.
Movimentos pendulares; políticas públicas educacionais; interior do nordeste brasileiro.
A distribuição espacial dos serviços de educação superior no nordeste brasileiro por muito tempo foi fortemente marcada pelo desequilíbrio entre sua oferta e demanda. Reconhece-se que a partir de 2003 houve uma mudança no cenário da educação superior brasileira com a implementação de um conjunto de políticas públicas visando à descentralização e interiorização desta modalidade de ensino, concomitantemente uma modificação no padrão da mobilidade espacial, pois passa a ser desnecessário percorrer grandes distâncias para o ingresso no ensino superior, nesse processo intensifica os deslocamentos de curta distância, a pendularidade. Nesse contexto, o presente trabalho define pendularidade como o deslocamento regular de estudantes do ensino superior para estudar em um município diferente daquele que reside. Tem-se que a maioria dos estudos desenvolvidos no Brasil, nessa temática, direcionam suas análises para a mobilidade pendular motivada por trabalho e pouco se tem discutido a respeito deste fenômeno com motivação por estudos, em especial na educação superior. Outra característica dessas produções é o critério geográfico definido para determinar os deslocamentos pendulares, que geralmente são voltados para as Regiões Metropolitanas. Assim, considera-se relevante neste trabalho o estudo no âmbito da região do nordeste brasileiro que historicamente apresenta baixos indicadores sociais e econômicos, e, especialmente, por ser uma das regiões mais carentes de ensino superior quando comparada as demais regiões brasileiras. O presente estudo tem como propósito analisar o deslocamento pendular de estudantes de nível superior de graduação no nordeste brasileiro nos anos de 2000 e de 2010, de modo a compreender de que modo os processos de expansão e democratização desse nível de ensino impactaram na pendularidade da referida região. Os resultados evidenciam que, de 2000 para 2010, o processo de expansão e interiorização das instituições do ensino superior de graduação provocaram mudanças importantes tanto no perfil sociodemográfico dos estudantes pendulares nesta modalidade de ensino, uma vez que, passou-se a identificar uma maior participação de mulheres, residentes da área rural, que viviam em companhia de conjugue ou companheiro, se autodenominavam pardos, possuindo uma renda perca pita domiciliar de 0 a 1 salário mínimo, uma expressiva variação positiva na idade média tanto, no grupo dos homens quanto nas mulheres, nos estados do Maranhão e Bahia, quanto em termos de volume, especialmente em fluxos iguais ou superiores a 1.000 pendulares.