Uma avaliação do conhecimento sobre o vírus HIV/AIDS e suas implicações no comportamento sexual.
HIV/AIDS. Mulheres. Conhecimento. Autopercepção.
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) é uma problemática que está passando por transformações preocupantes não só no mundo, mas também no Brasil. Atualmente, as transformações mais citadas pela comunidade científica sobre a doença são: feminização, heterossexualização, pauperização, interiorização e juvenilização. O objetivo deste trabalho é avaliar a relação entre a prática e o conhecimento e a autopercepção das mulheres residentes nas capitais de Manaus e Boa Vista sobre a infecção pelo vírus HIV/AIDS. Analisam-se os dados do DATASUS e da Pesquisa “Avaliando o processo de difusão epidêmica e espacial do HIV/AIDS nas Unidades Federadas da região Norte do Brasil”, realizada no ano de 2008. Os procedimentos metodológicos para a exploração e inferência sobre os dados foram a Padronização das Taxas de Incidência do vírus utilizando as Técnicas Direta e Indireta, Análise Espacial, Regressão Logística, Análise de Agrupamento e os Testes Qui-Quadrado, ANOVA e Tukey, considerando-se um nível de significância de 5%. Averiguou-se o processo de interiorização do vírus HIV/AIDS ao longo dos anos estudados e, ademais, aceitou-se em todos os anos a hipótese de que existe autocorrelação entre o espaço e a taxa de incidência do vírus HIV/AIDS. Constatou-se, ainda, que, nos períodos de 1991, 2000, 2005 e 2010, nas Regiões Brasileiras tem-se uma predominância de taxas de incidência entre pessoas do sexo masculino, heterossexuais, idade entre 25 a 60 anos e residentes em Regiões Metropolitanas. Observaram-se diferenças significativas entre as médias de conhecimento entre os grupos formados pela Análise de Agrupamento. Verificou-se que as características das mulheres entrevistadas que apresentaram as maiores médias de conhecimento e autopercepção foram: idade 21-40 anos, etnia parda, renda familiar até três salários mínimos, mais de nove anos de estudo, religião católica e estado civil casada ou unida. Posteriormente, ajustou-se um modelo logístico tendo como variável dependente o uso de camisinha em relações sexuais e como variáveis independentes os Grupos e as faixas etárias. Inferiu-se que as mulheres entrevistadas mais propensas a se absterem de usar a camisinha nas relações sexuais são: aquelas pertencentes ao Grupo 1, que apresentaram as maiores notas de conhecimento e autopercepção sobre o vírus em relação às demais mulheres e, independentemente do grau de conhecimento sobre os riscos de HIV, as mulheres com idades mais avançadas. Constatou-se, por fim, que o conhecimento e autopercepção adquiridos sobre o vírus HIV/AIDS não condiz, necessariamente, com os comportamentos seguros desempenhados diariamente pelas mulheres entrevistadas.