CONTRAVISUALIDADE NEGRA PERIFÉRICA: A FOTOGRAFIA NAS PERIFERIAS DO NORDESTE BRASILEIRO COMO AUTORREPRESENTAÇÃO, RESSIGNIFICAÇÃO E REEXISTÊNCIA
Fotografia negra. Periferia. Decolonialidade. Contravisualidade.
Esta tese pretende entender como se dá a produção das imagens de fotógrafos negros e fotógrafas negras das periferias do Nordeste brasileiro em relação a interseccionalidades (Davis, 2016; Akotirene, 2019) entre território, classe, gênero e outros marcadores socias. Tem-se como objetivo principal investigar a prática fotográfica em comunidades periféricas nordestinas enquanto ato decolonial de autorrepresentação, reexistência e ressignifica. Esta pesquisa aborda também a construção da contravisualidade negra-periférica, a qual reescreve narrativas e imagens sobre o corpo negro a partir do artivismo, de estratégias e políticas visuais da negritude. Nessa perspectiva, esta tese reflete a respeito de teorias sobre imagem, raça e representação (Hall, 2006, 2016; Fanon, 2008; Kilomba, 2017; Maldonado-Torres, 2019; Mombaça, 2021; Souza, 2021), localiza os dispositivos de captura de imagens (Sealy, 2016; Campt, 2017; Azoulay, 2021) como instrumentos bélicos decoloniais, lança luz sobre a formação da contravisualidade (Mirzoeff, 2011, 2016) a partir do olhar negro (hooks, 2019) que guia a prática fotográfica contemporânea da negritude (Meirinho, 2021) na abertura de caminhos para as novas cosmopercepções (Oyěwùmí, 1997; Santos, 2019) sobre a população negra-periférica. Por meio de um caminho metodológico que se faz nas encruzilhadas, propõe-se analisar a intencionalidade por trás da produção de fotógrafos e fotógrafas do Nordeste mapeados pelo projeto de pesquisa Olhos Negros (UFRN), assim como refletir sobre suas produções fotográficas com base em uma análise discursiva de identificação dos rastros e símbolos decoloniais presentes nessas fotografias. Percebe-se que a fotografia negra-periférica nordestina se conecta através de representações culturais, religiosas, históricas, entre outras, que são compartilhadas nesses territórios por meio de experiências comuns e de práticas ancestrais de resistência e recriação de mundos.