Variabilidade acústica e respostas evolutivas a diferentes pressões seletivas no canto de anúncio de anfíbios.
Comunicação acústica; Anura; Canto de anúncio; Evolução; Pressões seletivas; Ruído ambiente; Hipótese da adaptação acústica; Variabilidade.
A comunicação acústica é fundamental para a reprodução da grande maioria dos anuros. O canto de anúncio tem como principal função atração de fêmeas para reprodução, atuando como barreira reprodutiva entre espécies. Desta forma, a compreensão dos processos evolutivos que levaram à diversidade acústica atual é fundamental para entendermos a evolução do clado como um todo. Esta tese tem como objetivo testar a importância de diferentes pressões seletivas na evolução do canto de anúncio dos anuros. O barulho ambiente é um dos principais obstáculos na comunicação acústica e espécies de anuros que reproduzem em riachos estão sobre constante pressão do barulho de água corrente. Utilizando método comparativo com um banco de dados de 509 espécies, mostramos que anuros que cantam em riachos apresentam cantos de anúncio com frequência dominante significativamente mais alta do que espécies de água parada, independente do tamanho corpóreo. Estes resultados indicam a importância dessa pressão seletiva para este clado, uma vez que frequências mais altas vão apresentar uma menor sobreposição espectral com o som grave da água corrente, diminuindo o mascaramento. Além do barulho ambiente, barreiras físicas que atrapalham a propagação do som podem atuar como pressão seletiva sobre sinais acústicos. Nesta tese, comparamos o canto de anúncio de Phyllomedusa nordestina na Mata Atlântica e na Caatinga, além de testar se os parâmetros acústicos estão relacionados à quantidade de vegetação em torno do sitio de vocalização. Resultados mostraram que dois parâmetros acústicos são significativamente afetados pelo tipo de bioma e dois pela quantidade de vegetação local, indicando que diferentes parâmetros acústicos de um mesmo canto podem apresentar caminhos evolutivos distintos: enquanto o intervalo entre pulsos e taxa de canto estão adaptados para o tipo de ambiente, os indivíduos também respondem de forma flexível à quantidade de vegetação, alterando a frequência dominante e o número de pulsos.