EFEITOS DA ESTRUTURA DO HABITAT NOS PADRÕES DE OCUPAÇÃO DE AVES FRUGÍVORAS EM FRAGMENTOS FLORESTAIS DA MATA ATLÂNTICA BRASILEIRA
Monitoramento acústico passivo; Centro de Endemismo Pernambuco, múltiplas escalas espaciais, dispersores de sementes, single-season
As florestas tropicais são indiscutivelmente os ecossistemas naturais mais biodiversos do mundo. Ainda assim, são constantemente destruídas pela ação humana, impactando diversos serviços ecossistêmicos devido ao empobrecimento das relações ecológicas resultantes das perdas de biodiversidade que enfrentam. As aves frugívoras desempenham um papel crucial nas florestas tropicais, atuando como dispersoras de sementes e promovendo a recuperação ambiental em paisagens perturbadas. Portanto, compreender os fatores que influenciam a ocorrência dessas aves em florestas tropicais fragmentadas é fundamental para a conservação desses ecossistemas. Tais informações são essenciais para orientar medidas de controle e manejo que favoreçam a permanência desse grupo de aves em áreas impactadas, garantindo a continuidade dos serviços ambientais que elas proporcionam. Aqui, investigamos como a estrutura do habitat em múltiplas escalas espaciais afeta os padrões de ocupação das aves frugívoras. Realizamos o estudo em 11 fragmentos florestais localizados no norte do Centro de Endemismo Pernambuco, na Mata Atlântica brasileira. Registramos os dados de detecção das espécies por meio de gravadores autônomos em cada sítio amostral durante três dias consecutivos. Estimamos a probabilidade de ocupação das espécies considerando a detecção imperfeita, utilizando três escalas espaciais (paisagem, fragmento e micro-habitat). Destacamos que as espécies de aves frugívoras responderam a diferentes características da estrutura do habitat em fragmentos florestais de Mata Atlântica. Na escala da paisagem, a maioria das espécies apresentou maior probabilidade de ocupação em áreas com terrenos mais rugosos, com maior presença de formações florestais naturais e menor cobertura de áreas não vegetadas. Na escala do fragmento, em sua maioria, as espécies demonstraram maior ocupação em fragmentos maiores, mais circulares, mais próximos do núcleo do Centro de Endemismo Pernambuco e com florestas mais íntegras. Na escala do micro-habitat, as espécies apresentaram maior ocupação em locais com árvores mais altas e maior complexidade no sub-bosque. Além disso, observou-se maior ocupação em áreas mais próximas das bordas de fragmentos, com exceção de uma espécie que apresentou maior ocupação em áreas mais distantes das bordas florestais. Nossa pesquisa enfatiza que, para garantir maior ocupação das aves frugívoras e preservar suas funções ecológicas no ecossistema, é recomendável implementar medidas de proteção nas áreas florestais remanescentes, promover a recuperação de áreas degradadas e executar projetos para conservar a estrutura da vegetação local nos fragmentos florestais.