Importância de preditores abióticos e bióticos da comunidade vegetal sobre a decomposição da serrapilheira em uma floresta tropical sazonal: Uma abordagem de longa duração via balanço de massa
atributos funcionais ;biodiversidade e funcionamento de ecossistemas ; complementaridade de nicho; decomposição; dispersão funcional; efeito de seleção; fertilidade do solo; macronutrientes; restinga
A decomposição do detrito vegetal é um processo chave na ciclagem de nutrientes e pode ser afetada por diversos fatores bióticos e abióticos nos ecossistemas. Embora muitos estudos tenham avaliado os efeitos da diversidade da serrapilheira sobre a sua taxa de decomposição, a maioria dos trabalhos utilizam abordagens experimentais e de curta duração. Nosso objetivo foi, através de uma abordagem observacional baseada em estimativas do balanço de massa entre o aporte e o estoque de detritos durante um período de 3 anos, avaliar o efeito de diferentes facetas da diversidade, frente a outros fatores bióticos e abióticos, sobre a decomposição do detrito vegetal. Para isso, medimos, em 41 parcelas em um fragmento de restinga, o aporte e o estoque de detrito no solo, as diversidades taxonômica, funcional e filogenética, as razões C:P e C:K e a capacidade de retenção de água da serrapilheira, além das concentrações de N, P e K e a umidade do solo. Nossa estimativa da taxa de decomposição foi dada pela razão aporte/estoque de detrito. Após construir 54 modelos de análises de rotas, nossos modelos significativos mostraram que a umidade do solo foi a única variável a afetar a taxa de decomposição da serrapilheira. Os resultados sugerem que a decomposição da serrapilheira não é direcionada por nenhum dos possíveis efeitos da diversidade: nem por mecanismos de seleção nem de complementaridade. Na verdade, em nosso local de estudo, os resultados indicam que a decomposição do detrito vegetal é afetada por atributos físicos do ambiente, i.e. a umidade do solo, provavelmente por afetar a atividade dos microrganismos decompositores.