Impactos do mergulho recreativo em uma Área de Proteção Marinha do Brasil
Impactos do turismo em recifes; turismo recifal sustentável; comportamento de mergulhadores; indicadores recifais de impacto do turismo; educação ambiental.
O mergulho recreativo é uma das atividades turísticas que mais cresce no mundo, gerando emprego, renda além de contribuir com a visibilidade da importância da conservação dos ambientes recifais. Apesar das vantagens socioeconômicas, quando realizado sem controle, o mergulho recreativo pode provocar impactos negativos ao ecossistema recifal. Diversos estudos em recifes de corais no mundo têm caracterizado tais impactos propondo estratégias de manejo e indicadores biológicos para monitoramento. As peculiaridades dos recifes brasileiros, com baixa cobertura coralínea e elevada cobertura de algas e esponjas, torna necessário identificar e definir estratégias de manejo próprias para esse tipo de uso. O presente estudo tem o objetivo de avaliar o impacto que o mergulho recreativo provoca em uma Área de Proteção Ambiental Marinha (APM) brasileira. O primeiro capítulo traz o levantamento de principais destinos turísticos de mergulho recreativo do Brasil, evidenciando suas similaridades e o atual estado de pesquisa em que se encontram, quanto aos impactos do mergulho recreativo. Os resultados indicam o crescimento do mergulho recreativo no Brasil e seu potencial como promotor da conservação de ambientes recifais. No segundo capitulo foi caracterizado o comportamento de mergulhadores recreativos em uma APM no nordeste brasileiro, quantificando-se a frequência de toques no substrato recifal relacionado ao perfil do mergulhador e características do tipo de mergulho realizado. A frequência média de toques (FT) observada foi notadamente inferior no recife estudado, quando comparado a outros estudos em recifes de corais no Caribe, Mediterrâneo e Austrália. As variáveis que influenciaram na FT foram: tipo de mergulho (scuba > snorkel), sexo (homens > mulheres) e na faixa etária (acima de 50 anos, maior que nas demais faixas etárias). A discussão deste capítulo aborda como as características físicas do local de estudo pode ter influenciado na redução da FT, e também a postura dos profissionais do turismo. O terceiro capítulo está em construção e trata dos impactos do mergulho recreativo na ictiofauna e na comunidade bentônica recifal, propondo indicadores adequados às características dos recifes brasileiros. Neste capítulo observa-se possíveis modificações na riqueza, composição, biomassa e classes tróficas de peixes, e analisa alterações na cobertura do substrato, vulnerabilidade biológica, megafauna de invertebrados e saúde dos corais em áreas de alto e baixo uso ao longo de dois anos. O quarto e último capítulo trata do uso de metodologias alternativas em um projeto de Educação Ambiental (EA) visando sua eficácia, com o foco nos impactos que o turismo promove. Os resultados indicam que a combinação do conhecimento científico, conhecimento local, uso de mídias e visitas à ambientes não-formais são fundamentais para a eficácia de um projeto de EA. Esta tese apresenta dados pioneiros sobre os impactos que o mergulho recreativo gera em ambientes recifais brasileiros, contribuindo efetivamente para o manejo e desenvolvimento de um turismo sustentável em áreas protegidas marinhas.