DISTRIBUIÇÃO E USO DE HABITAT POR PEIXES RECIFAIS EM UM GRADIENTE AMBIENTAL: ESTUDO DE CASO EM RECIFES ARENÍTICOS
Peixes recifais. Algas. Esponjas. Profundidade. Distancia da costa. Biomassa.
Há diversos fatores abióticos relatados na literatura como reguladores da distribuição das espécies de peixes em ambientes marinhos. Dentre eles, destacam-se complexidade estrutural do hábitat, composição bentônica, profundidade e distância da costa, comumente relatadas como influenciadores positivos na diversidade de diferentes espécies, incluindo os peixes recifais. Estes são elementos dominantes em sistemas recifais e considerados de elevada importância ecológica e socioeconômica. A compreensão de como os fatores supracitados influenciam na distribuição e uso de habitat das comunidades de peixes recifais tornam-se importantes para seu manejo e conservação. Assim, o presente trabalho pretende avaliar a influencia destas variáveis sobre a comunidade de peixes recifais ao longo de um gradiente ambiental de profundidade e distancia da costa em recifes de base arenítica na costa do Rio Grande do Norte. Tais variáveis também serão utilizadas para a criação de um modelo preditivo simples da biomassa de peixes recifais para o ambiente estudado. A coleta de dados foi realizada por meio de censos visuais in situ, sendo registrados dados ambientais (complexidade estrutural do hábitat, tipo de cobertura do substrato, megafauna de invertebrados bentônicos) e ecológicos (riqueza, abundancia e classes de tamanho dos peixes recifais). Como complemento, informações sobre a dieta foram levantadas através de literatura e a biomassa foi estimada a partir da relação peso-comprimento de cada espécie. No geral, os recifes apresentaram uma baixa cobertura por corais, sendo os recifes Rasos, Intermediários I e II dominados por algas e os Fundos por algas e esponjas. A complexidade aumentou ao longo do gradiente e influenciou positivamente na riqueza e abundancia de espécies. Ambos atributos influenciaram a estruturação da comunidade de peixes recifais, incrementando a riqueza, abundancia e biomassa dos peixes, bem como diferenciando a estruturação trófica da comunidade ao longo do gradiente de profundidade e distancia da costa. A distribuição e utilização do hábitat pelos peixes recifas foi associada a disponibilidade de alimentos. O modelo preditor identificou a profundidade, rugosidade e a cobertura por algas folhosas, algas calcárias e corais moles como as variáveis mais significativas influenciando a biomassa de peixes recifais. Em suma, a descrição e o entendimento destes padrões são passos importantes para elucidação dos processos ecológicos. Neste sentido, nossa abordagem fornece um novo entendimento da estruturação da comunidade de peixes recifais do Rio Grande do Norte, permitindo entender uma parte de um todo e auxiliar futuras ações de monitoramento, avaliações, manejo e conservação destes e outros recifes do Brasil.