FILOGEOGRAFIA DE ANFÍBIOS DA DIAGONAL DE ÁREAS ABERTAS DA AMÉRICA DO SUL
Diversificação, Phyllomedusa, Dermatonotus, Caatinga, Cerrado
A diagonal de áreas abertas, ou “diagonal seca”, é uma região de grande riqueza de espécies e reconhecida importância biogeográfica na América do Sul. Formada por Caatinga, Cerrado e Chaco, sua diversidade ainda está subestimada e pouco se conhece acerca dos processos que deram origem à sua biota. Para investigar a importância de eventos geológicos e climáticos nos processos de diversificação, foi realizada uma abordagem genética multilocus de ampla abrangência geográfica em dois grupos de anfíbios (Dermatonotus muelleri e Phyllomedusa grupo hypochondrialis). Os dados moleculares foram interpretados à luz da teoria da coalescência e inferência bayesiana. Técnicas como rede de haplótipos, reconstrução filogeográfica, modelagem de nicho, testes de migração e ABC foram utilizadas como análises complementares. Foram reconhecidas duas linhagens distintas em Dermatonotus, que se diferenciaram durante eventos orogênicos do Mioceno/Plioceno. A influência das variações climáticas do Pleistoceno se limitaram a mudanças no tamanho populacional de uma das linhagens. Em Phyllomedusa, foram identificadas ao menos quatro linhagens geograficamente estruturadas. Uma complexa história de diversificação explica o surgimento dessas linhagens, começando por especiação alopátrica durante o Neógeno, envolvendo o soerguimento do Planalto Central e oscilações na vazão do Rio São Francisco, até os eventos de expansão e retração dos biomas durante o Pleistoceno. Os resultados do presente estudo colaboram com a taxonomia dos gêneros Dermatonotus e Phyllomedusa e, sobretudo, contribuem com a compreensão dos processos de diversificação nos biomas abertos da América do Sul.