geladeira; modernização; propaganda; espacialidade doméstica; relação de gênero
Este trabalho pretende discutir o processo de implantação de geladeiras no ambiente doméstico carioca nos anos de 1920 a 1940. Com o estabelecimento dos ideais de modernização no país, os primeiros locais que puderam vivenciar toda uma série de eventos modificadores no seu cotidiano, foram as grandes cidades brasileiras, em especial o Rio de Janeiro, capital federal. Essas transformações, dotadas de uma dúbia visão entre um futuro promissor e um presente controverso, a luz do progresso e da ciência, resultaram em inúmeras mudanças, desde o ambiente urbano tomando novas formas com as reformas empreendidas pelos agentes públicos, passando pelo cotidiano e os hábitos, até o surgimento de novos meios de comunicação, ou o seu aprimoramento. As invenções e os equipamentos domésticos renovavam-se, e um desses aparelhos, considerada uma das técnicas de conservação mais importantes e usadas até hoje, é a geladeira. Diante desse contexto, traçando um breve histórico sobre essa evolução, buscamos analisar as propagandas deste aparelho elaboradas pelas empresas que fabricavam o equipamento doméstico, utilizando do arcabouço teórico-metodológico encontrado em Meneses (2000) para análises de imagens publicitárias. Concluímos que esses anúncios retratavam o processo de modernização e racionalização do espaço da casa, a partir dos valores relativos ao período da modernidade doméstica, como conforto, simplicidade, saúde, estética e status. Além disso, identificamos os ideais de redução do tempo e do esforço necessários para as atividades do lar, como estratégias persuasivas das propagandas. No decorrer da pesquisa, observamos uma caraterística peculiar relativa às publicidades, que diz respeito ao uso de certos valores sociais e técnicos atribuídos aos gêneros masculino e feminino como forma de categorizá-los.