Carolina Maria de Jesus; Espaço literário; Quarto de despejo e Topoanálise.
Este trabalho analisa a construção do espaço literário presente na obra Quarto de Despejo: diário de uma favelada, da escritora mineira Carolina Maria de Jesus, publicada em agosto de 1960. Carolina de Jesus, por meio de sua vigora escrita, narrou as contínuas adversidades, que envolviam o seu cotidiano como mãe solo, catadora de papéis e moradora da favela do Canindé, localizada na região central de São Paulo. O objetivo deste estudo é analisar as múltiplas interpretações realizadas por Carolina sobre o seu espaço de convivência, ressaltando as conexões estabelecidas entre a escritora e os demais moradores da favela, assim enfatizamos as experiências do vivido, propiciadas pelas relações sociais e vida intima da autora. Para atingir esse objetivo, utilizo como mitologia a topoanálise, elaborada por Ozíris Borges Filho, que permite uma ampla interpretação do espaço literário. Para tanto, investigo como Carolina Maria de Jesus teceu a criação dos espaços em sua produção literária, a partir do seu ponto de vista sobre o mundo que a cercava. Emprego o conceito de paisagem proposto por Michel Collor e problematizo como os espaços vivenciados por ela vão sendo delineados pelas suas emoções, expressas por meio de sua escrita. Alem disso, mobilizo o conceito de imagem de Didi-Huberman para aprofundar a análise. Da mesma forma, utilizo o conceito de escrita de si, proposto Ângela de Castro Gomes, para compreender como a Carolina constrói uma memória arquitetada si mesma e dos moradores do Canindé.