ENTRE O LITORAL E O SERTÃO: MAURO MOTA E SEUS ESPAÇOS DE EXPERIÊNCIA (1940-1980)
Mauro Mota. Espaço. Sertão. Nordeste. Campo intelectual.
A presente tese reúne os esforços de pesquisas realizadas acerca do intelectual pernambucano Mauro Ramos da Mota e Albuquerque (1908-1983). Considerando aqui uma obra vasta e diversa produzida durante as décadas de 1940 a 1970, esta pesquisa teve por objetivo principal analisar este acervo, tendo como foco as relações entre esse intelectual e os espaços, compreendendo como Mauro Mota afeta e é afetado por estes em suas dimensões sensoriais, bem como desdobramentos culturais que surgem dessas interações. Assim, no conjunto da obra deste autor verificaram-se três espacialidades: a cidade do Recife, o sertão e o litoral da Zona da Mata. Além de tratar nas relações com os espaços, este estudo dedicou-se a como essas relações interferem no posicionamento de Mota, enquanto membro de um campo intelectual nordestino, ou seja, queremos demonstrar como a maneira deste autor visualizar e representar os espaços citados esteve diretamente ligada às suas manobras dentro do seu campo intelectual e na sua relação com as esferas do poder político e econômico, no período de atuação como chefe de instituições culturais como a Fundação Joaquim Nabuco, a Academia Pernambucana de Letras e no Diário de Pernambuco. Para realizar essas duas tarefas, utiliza-se um acervo pessoal de obras do autor além de fontes disponíveis no acervo de Mauro Mota na Fundação Joaquim Nabuco e no acervo digital do Diário de Pernambuco da Hemeroteca Nacional. Como perspectiva metodológica utiliza-se a análise do discurso via Michel Pêcheux para análise dos textos de Mota. Utilizamos também Pierre Bourdieu para mapear e analisar o percurso de Mota dentro de seu campo intelectual. Ao tratar da relação entre sujeito e espaços, esta investigação busca relacionar categorias como lugar, paisagem, cartografia literária, natureza e topofilia. Deste modo, esta investigação está teoricamente relacionada aos campos da geocrítica, geografia humanística e fenomenologia, além da história cultural. Tal conjunto diversificado de propostas metodológicas e teóricas tem por objetivo dar conta de um objeto também múltiplo.