CORPOS QUE FALAM: MULHERES PERSEGUIDAS, MAS NÃO SILENCIADASPELA DITADURA MILITAR EM PERNAMBUCO (1968-1974)
Corpo feminino; Ditadura Militar; Subjetividade; Testemunho; Tortura.
Este trabalho objetiva discutir sobre o processo de resistência das mulheres diante daDitadura Militar e quais os principais mecanismos utilizados para reprimir os corposfemininos, tanto política como culturalmente, no estado de Pernambuco entre os anos de1968 e 1974. Dessa maneira, consideramos o corpo como um espaço onde se fundemcarnes, físicas, com o subjetivo, impalpável, resultando em seres humanos que sãosimultaneamente mente e materialidade. Neste espaço se operam relações de poder, gêneroe linguagem, e são essas relações que buscamos estudar ao longo da pesquisa. Através dosdocumentos oficiais, nos concentramos em definir uma amostragem para a realização dapesquisa e a partir dela realizar uma prosopografia, ou seja, um panorama de quem eram asmulheres que estavam sob a mira da repressão e de que forma o sistema se empenhou parapenalizá-las. Apesar disso, apenas o estudo com a documentação não seria suficiente paraque pudéssemos alcançar nossos objetivos com o trabalho de pesquisa. Isso porque apenasa partir de relatos seria possível analisar a perspectiva de quem estava do outro lado dodocumento: as mulheres. Realizamos, portanto, entrevistas com algumas das sujeitas queforam presas e perseguidas durante o período e acessamos testemunhos dados à ComissãoNacional da Verdade (CNV) e Comissão Estadual Memória e Verdade Dom HelderCâmara (CEMVDHC). A História Oral permite um movimento de cruzamento entre dadosoficiais documentados por órgãos e instituições com tudo aquilo que não foi escrito; ossentimentos, as violências, os pensamentos, as sensações e dores vivenciadas pelos corposfemininos.