“LUTAMOS PARA VIVER, VIVER É LUTAR”: A ATUAÇÃO DO MOVIMENTO DE EDUCAÇÃO DE BASE (MEB) NA ARQUIDIOCESE DE NATAL E A CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO ESCOLAR – 1961/1969.
Movimento de Educação de Base - MEB; Igreja Católica; Espaço escolar; Escolas radiofônicas; Arquidiocese de Natal.
Em meio às mudanças em curso no Brasil da década de 1960, parte da Igreja Católica buscou se reconfigurar adotando uma postura mais progressista e voltada para a atuação no meio social, se dedicando a contribuir com o desenvolvimento do país, bem como a amenizar as desigualdades de um cenário marcado pelas injustiças sociais e pelo analfabetismo. Foi neste contexto que em 1961, foi criado o Movimento de Educação de Base (MEB) a partir de um Convênio entre a CNBB e o Governo Federal, com o objetivo de implementar, por meio da rede das escolas radiofônicas, educação de base junto às populações rurais das regiões Norte, Nordeste e Centro-oeste do país. Nesse sentido, esta pesquisa tem por objetivo analisar a construção do espaço escolar pelo MEB em um contexto de mudanças políticas e sociais que envolviam Igreja Católica e o Estado na década de 1960, no meio rural da Arquidiocese de Natal, dando ênfase à atuação e ao papel de alguns sujeitos, notadamente os monitores. Com isso, busco entender como esse espaço foi construído, significado e convertido em lugar através das ações e da atuação dos sujeitos do MEB. As fontes consultadas consistem na documentação existente no Arquivo Metropolitano da Arquidiocese de Natal e disponíveis em alguns sites da internet. Esta pesquisa foi executada pelo viés da história social e da nova história política e por uma perspectiva de uma “história vista de baixo”, através da análise crítica das fontes e do diálogo historiográfico. A partir deste percurso foi possível perceber os elementos, os discursos, as tensões e a forte atuação política da Igreja Católica na construção desse espaço escolar, assim como o protagonismo dos monitores, que ao lutarem por um mundo mais justo e humano por meio da educação, foram construindo um espaço escolar particular e convertendo o MEB em uma verdadeira “pedagogia da participação popular”.