MEMÓRIA E SILENCIAMENTO: O PATRIMÔNIO CEARENSE NO DEBATE INTELECTUAL MODERNISTA (1934-1959)
Patrimônio; Gustavo Barroso; SPHAN; Ceará; Paisagem Cultural;
Ao compreender que o patrimônio é um conceito plural que historicamente foi construído por intelectuais atuando politicamente em instituições públicas, buscamos refletir os processos de sistematização e institucionalização da memória nacional entre 1934 e 1959. Para isso, tomaremos o Ceará como espaço imagético-discursivo elaborado a partir da cartografia paisagística patrimonial por sujeitos que se localizavam institucionalmente no Museu Histórico Nacional (MHN) e no Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN). Este recorte temporal deve-se à fundação da Inspetoria de Monumentos Nacionais, tutelado ao MHN, e a morte de Gustavo Barroso, diretor do museu entre 1922 e 1959. Ressaltando as disputas intelectuais entre os projetos identitários do MHN e do SPHAN, analisamos como concepções e práticas de preservação foram elaboradas concomitantemente ao processo de visibilização da cultura material cearense através da narrativa historiográfica de Barroso e da preservação do seu patrimônio histórico e artístico a partir do instrumento legal estabelecido pelo Decreto-lei N° 25 de 30 de novembro de 1937, o tombamento. Portanto, empenhando-se em alcançar estes objetivos, nos utilizamos dos anais do MHN, das revistas do patrimônio publicadas pelo SPHAN, das narrativas historiográficas de Gustavo Barroso publicadas no jornal O Cruzeiro e dos processos de tombamento da Coleção Arqueológica da Antiga Escola Normal de Fortaleza (1941) e da Igreja Matriz do Aracati (1954) como suporte de informação no qual nos permitiu acessar o complexo campo de disputa estabelecido no interior do estado brasileiro entre as décadas de 30 e 50 do século XX.