A terra tremeu, o povo chorou: uma história oral dos terremotos de 1986-1988 na cidade de João Câmara
Terremotos, João Câmara, Espaço, Natureza.
Durante os anos de 1986-1988, a cidade de João Câmara, localizada na microrregião do Mato Grande, no Rio Grande do Norte, foi assolada por uma série de terremotos que mudaram a vida e o cotidiano de sua população. Esses terremotos trouxeram grandes consequências como a destruição ou interdição de prédios públicos ou privados. Eles também afetaram as moradias da população deixando-os desabrigados durante muito tempo. Assim, para se adaptar a essa nova realidade, a sociedade precisou criar formas de conviver com esses tremores de terra, buscando meios de sobreviver a destruição deixada por esse fenômeno. Portanto, este trabalho objetiva analisar como as pessoas se comportam perante essa adversidade natural que não pode ser prevista. Diante desses apontamentos questionei como a população de João Câmara vivenciou os terremotos de 1986-1988? Como essas pessoas, cuja vida quotidiana foi drasticamente alterada, enfrentaram essa adversidade natural? Quais as estratégias que elas adotaram, na tentativa de sobreviver a um evento da natureza, o qual não poderiam controlar ou prever? Como eles lidaram com esse espaço instável? Quais foram as práticas desenvolvidas pela sociedade? O presente trabalho está baseado na articulação da História da Ambiental e da História do Espaço, assim meu objetivo é investigar as transformações ocorridas no espaço da cidade de João Câmara durante e após os terremotos de 1986 observando como a população reagiu a essas transformações. Para responder aos questionamentos propostos utilizei como fontes: jornais como A Ordem, Diário de Natal, Tribuna do Norte, O Poti, publicados entre as décadas de 1940, 1950, 1980; Documentos produzidos pelos geólogos e geofísicos da UFRN, UnB e USP como os relatórios das atividades sísmicas; Documentos oficiais, como o relatório da Defesa Civil; Documentos feitos pela população como poesias e cordéis, além dos registros orais.