Nordeste, Sertão, Cangaço, Identidade e Cinema.
A ideia de Nordeste como uma região social e cultural, até meados dos anos de 1910, não existia. O cinema foi uma das mídias nas quais se propagaram as imagens deste recorte regional, um constructo identitário que demarca um espaço físico, político e cultural. O presente trabalho tem como objetivo entender como essa região foi produzida num novo momento do campo cinematográfico dos anos de 1950, quando na produção dos estúdios paulistas da Vera Cruz, várias regionalidades foram geradas, entre elas a do sertão nordestino. Problematizaremos a relação história-cinema tomando como base o filme O Cangaceiro (1953), do cineasta Lima Barreto, com o objetivo de entender como essa região sertaneja-nordestina foi imaginada cinematograficamente a partir da imagem de um passado mítico ao qual a narração da fita designa como “O tempo em que havia cangaceiros”. A proposta, portanto é compreender como uma região e uma identidade nordestinas foram mobilizadas e enquadradas no cinema nacional, construindo um padrão visual-narrativo.