Estradas de rodagem; automóvel; Rio Grande do Norte
Esta pesquisa tem como objeto de estudo as estradas de rodagem e o automóvel no Rio Grande do Norte durante os anos 1914-1934. Trata-se de um momento em que determinados espaços do estado (Potengi, Trairi, Seridó e Assu) começaram a ser ligados por caminhos adaptados ao tráfego de veículos automotores. As estradas de rodagem eram uma evolução direta das antigas “estradas carroçáveis”, diferenciando-se destas pela questão técnica ideal ao tráfego dos autos, uma vez que tais caminhos (as estradas de rodagem) deviam dispor das seguintes recomendações: chapa do leito da estrada consolidada, bueiros responsáveis pela drenagem da via, rampas e raios adequados nas elevações e curvas, construção de pontes e de pontilhões sobre vales e rios, estações para passageiros, dentre outros. Com as estradas de rodagem o automóvel foi se tornando um meio de transporte cada vez mais presente no Rio Grande do Norte nas décadas de 1920-1930 ao realizar o transporte de passageiros – aqueles que podiam e tinham condições de pagar passagens em caminhões que faziam viagens entre o litoral e o sertão ou aqueles mais abastados que dispunham de condições para adquirir o seu próprio automóvel de passeio, geralmente da marca Ford T –, assim como também transportando mercadorias e informações. A problemática central desta pesquisa busca, pois, investigar como ocorreu a construção dessas vias no estado, suas implicações e seus usos ao longo de duas décadas. Por meio de notícias e informes do periódico A Republica, das informações contidas em mensagens dos governadores do estado e dos relatórios da Inspetoria Federal de Obras Contras as Secas (IFOCS) foi possível analisar o ritmo e andamento das obras, os interesses e conflitos dos sujeitos envolvidos no processo de construção das vias (engenheiros, políticos e comerciantes). Com o recurso da literatura (crônicas, poemas e romances) foi possível identificar os usos que os sujeitos fizeram desses caminhos e do automóvel: as viagens e suas sociabilidades; percepções sobre tempo e espaço provocados pela máquina e as mudanças percebidas na paisagem e nos costumes do sertão.