A ARGAMASSA DA CASA E DO CONFLITO: OS USOS POLÍTICOS DA CONSTRUÇÃO DA CIDADE DA ESPERANÇA FEITOS PELO GRUPO ALUIZISTA (1964-1966)
crise habitacional; Cidade da Esperança; grupo aluizista; usos políticos.
Durante a década de 1960, os cidadãos de Natal, capital do Rio Grande do Norte, passaram por sérios problemas envolvendo o provimento de moradias e a imprensa difundiu diversas falas a respeito do número de casas que eram de taipa ou que sofriam adversidades na área do saneamento básico e do abastecimento de água e energia elétrica. Por esse motivo, procurando atender a uma fração dessa demanda, o governo Aluízio Alves passou a construir entre os anos de 1964 e 1966 um conjunto habitacional que foi chamado de Cidade da Esperança. Com cerca de 570 residências, ele foi representado frequentemente como a resposta de um grupo político específico, o grupo aluizista, à crise de habitação existente, o que possibilitou que a Cidade da Esperança como novo espaço em produção fosse apropriada e utilizada para o exercício de poder. Por essa razão, propomo-nos a analisar os usos políticos feitos dessa criação de um conjunto habitacional situado em Natal, examinando de que maneira ele serviu ao diálogo entre o governo Aluízio Alves e trabalhadores grevistas, como foi buscada por meio dele uma acomodação ao novo regime ditatorial implantado no Brasil, como ele serviu para a formulação identitária do grupo aluizista e, por fim, como ele possibilitou a candidatura de Agnelo Alves, gestor dessa edificação, a prefeito de Natal em 1965.