Turismo como vetor do desenvolvimento no município de Inhambane (Moçambique) – desvendando mitos
Turismo. Desenvolvimento. Pobreza. Comunidades locais. Município de Inhambane
O principal objetivo desta pesquisa é problematizar os “mitos e realidades” no âmbito da crença economicista de que o turismo gera emprego e renda contribuindo para o desenvolvimento social das comunidades locais – nesse caso do Município de Inhambane. No aporte metodológico, portanto na planificação e execução da pesquisa, empregamos a pesquisa bibliográfica e documental, definição e operacionalização das variáveis da pesquisa, observação não participante, entrevistas exploratórias, basicamente para problematizar e definir um quadro teórico norteador da pesquisa. Os instrumentos de coleta de dados, foram os inquéritos mistos e por entrevista e observação. Aplicamos a amostragem intencional (autoridades e instituições) e por acessibilidade no contato direto com as comunidades, estes últimos das parias da Barra, Tofo, Tofinho e Cidade de Inhambane. Foram igualmente aplicados roteiros de observação sistemática para as variáveis relacionadas com o desenvolvimento social com base no turismo no MI. Por fim foram analisados e interpretados os resultados com base na técnica principal denominada análise de conteúdo, alicerçada na interpretação reflexiva e crítica-dialética; complementarmente apresentamos os resultados através da tabulação, gráficos, imagens e mapas. A pesquisa trouxe resultados sobre os mitos e a realidade sobre o contributo do turismo na melhoria do bem-estar e elevação do nível de vida das comunidades do MI. Para tal, caracterizamos as dinâmicas do turismo para aferir o nível atual da oferta turística geral no MI; apuramos a existência e aplicabilidade de políticas públicas do turismo na promoção do desenvolvimento no MI; pesquisamos sobre a participação das comunidades locais nos negócios turísticos e no sistema de tomada de decisões no geral, de modo a fazerem as escolhas mais importantes que possam melhorar a sua vida. Uma vez que, a partir da crença generalizada de que o turismo contribui para o desenvolvimento através da geração de trabalho e renda, efeito multiplicador, estímulo à micro, pequenas e médias empresas entre outros aspetos. Nossa análise indica que o turismo tem sua contribuição, embora limitada, no avanço do desenvolvimento. No entanto, persistem questões como a centralização e politização na tomada de decisões, restrições à liberdade, precariedade laboral, desrespeito aos direitos dos trabalhadores, informalidade nas economias locais sem poder negocial, negligência das responsabilidades sociais das empresas e do governo municipal, desemprego sazonal, baixos níveis de instrução, desigualdades sociais, silenciamento das vozes locais, corrupção, fraca parceria público privada, entre outros limites e dificuldades. Esses desafios contrastam com a visão de desenvolvimento apresentada na pesquisa, a qual enfatiza o aumento das capacidades para além do aspecto financeiro, para que as comunidades sejam o agente ou sujeito, isto é, protagonistas do desenvolvimento e não um mero objeto vulnerável que necessita de assistencialismos. Por conseguinte, buscando alcançar níveis superiores de autonomia, qualidade de vida, bem-viver, felicidade e liberdade. Assim, o estudo tem o potencial não apenas de acrescentar valor à esfera da resistência e da reflexão alternativa sobre o desenvolvimento, mas também pode ser um instrumento eficaz para sensibilizar as autoridades sobre a importância de fortalecer as comunidades locais por meio do turismo.