ESTUDO COMPARATIVO ENTRE UM PROTOCOLO COM REALIDADE VIRTUAL NÃO IMERSIVA E A CINESIOTERAPIA NO EQUILÍBRIO POSTURAL EM INDIVÍDUOS COM AVC
Acidente Vascular Cerebral, Equilíbrio postural, Terapia de exposição à realidade virtual.
Introdução: O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a principal causa de incapacidades em adultos, levando a alterações funcionais, como déficit de equilíbrio e dificuldade para realizar as atividades de vida diária. As sequelas apresentadas são resultantes das mudanças plásticas no tecido neural destes indivíduos, como resultado da excitabilidade diminuída e do não uso dos membros afetados após a injúria, culminando na redução da representação cortical destas áreas. No campo da reabilitação, a Realidade Virtual (RV) tem se mostrado um grande aliado na recuperação destes pacientes. Objetivo: Comparar os efeitos de um protocolo com realidade virtual não imersiva com um protocolo de cinesioterapia no equilíbrio postural de indivíduos com AVC crônico. Metodologia: Trata-se de um estudo comparativo com 7 indivíduos, de ambos os sexos, com diagnóstico clínico de AVC, lesão cerebral unilateral, no mínimo 6 meses de lesão, idade entre 20-75 anos. Os indivíduos foram avaliados inicialmente por uma ficha para caracterização sociodemográfica e em seguida foi realizada a avaliação clínica: cognição (Mini-Exame do Estado Mental - MEEM), espasticidade (Escala Modificada de Ashworth), habilidade de deambular (Categoria de Deambulação Funcional), comprometimento neurológico (National Institute Health Stroke Scale – NIHSS), qualidade de vida (Escala de Qualidade de Vida Específica para AVE - EQVE-AVE), funcionalidade (Medida De Independência Funcional- MIF), equilíbrio e marcha: Escala de Equilíbrio de BERG (EEB); Teste de Alcance Funcional (TAF); Timed Up and Go Test (TUG); Teste de Caminhada de 6m (TC6m), e variáveis do Centro de pressão pela Plataforma de Força (PF). Esses indivíduos foram divididos em dois grupos de acordo com o protocolo de intervenção proposto. O grupo da Cinesioterapia (GC) (n=4) realizou fortalecimento de membros inferiores (10 minutos) e cinesioterapia com foco no equilíbrio com demanda sensório-motora similar aos exercícios de realidade virtual (30 minutos) e o Grupo da Realidade Virtual (GRV) (n=3) realizou o mesmo fortalecimento citado (10 minutos) além de um protocolo de realidade virtual baseado no equilíbrio corporal (30 minutos). Foram realizadas 2 sessões por semana, durante 8 semanas, totalizando 16 sessões. Após o término de toda terapia, os pacientes foram reavaliados nos mesmos padrões da avaliação inicial. Para os desfechos estudados foi realizado teste t pareado para análise intragrupos e test t para comparação intergrupos das diferenças entre os valores pré e pós intervenção (delta) observadas em cada grupo. Resultados: Ambos os grupos obtiveram melhora em todos os desfechos analisado. No entanto, na análise intragrupo, apenas EEB (p = 0,006), deslocamento total do centro de pressão no teste de apoio unipodal olhos abertos sobre membro parético (UOAP_D) (p = 0,017), velocidade média no teste de apoio unipodal olhos abertos sobre membro parético (UOAP_VM) (p = 0,007) e unipodal olhos fechados sobre o membro saudável (UOFS_VM) (p = 0,047) foram significativos no grupo controle. No experimental EEB (p = 0,026) e deslocamento total do centro de pressão no teste de apoio unipodal olhos abertos sobre membro saudável (UOAS_D) (p = 0,035) foram significativos. Na análise inergrupos, verificou-se uma diferença estatística significativa para EEB (p = 0,033), e TC6m (p = 0,021) e o apoio unipodal olhos abertos sobre membro parético (UOAP_VM) (p = 0,044). Conclusão: Ao comparar os efeitos de um protocolo com realidade virtual não imersiva com um protocolo de cinesioterapia no equilíbrio postural de indivíduos com AVC crônico, observou-se que ambos foram benéficos e provocaram melhorias nos desfechos analisados, com significância no equilíbrio avaliado pela escala de equilíbrio de Berg. No entanto, devidos as limitações quanto ao tamanho amostral e número de sessões sugere-se que sejam realizados estudos com população mais robusta e maior tempo total de terapia.