A OFERTA DE CURSOS DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL PELOS CONGLOMERADOS EDUCACIONAIS NA REGIÃO NORDESTE
Educação. Financeirização. Conglomerados educacionais. Serviço Social. Formação profissional.
O presente estudo investiga a oferta de cursos de graduação em serviço social pelos conglomerados educacionais na região Nordeste. Tem como objetivos apreender as determinações político-econômicas e socioculturais que impulsionaram a incorporação dos cursos na dinâmica da financeirização do ensino superior, analisar as incidências desse processo na particularidade brasileira e nordestina e na formação profissional em serviço social. Nossa tese é que os grupos educacionais veem nos cursos de serviço social um campo de rentabilidade para o capital, segundo a lógica da financeirização e, simultaneamente, uma área de formação de um novo perfil intelectual conforme a concepção da pedagogia flexível, estratégia ideocultural de conformação da classe trabalhadora às condições de degradação do trabalho e desumanização no estágio atual do capitalismo contemporâneo. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica e documental, orientada pelo método de Marx, na qual foram abordadas categorias como “trabalho”, “educação”, “Estado”, “imperialismo”, “crise”, “financeirização” e “questão regional”. O material analisado consistiu em documentos oficiais (MEC, INEP, FNDE, CAPES, CNPQ, IBGE, PNAD, TCU, CVM), de empresas privadas e agências multilaterais (B3, FMI, OCDE, UNESCO) e de entidades organizativas da classe trabalhadora e do Serviço Social (ANDES, ABEPSS, CFESS). O universo da pesquisa foram os grupos educacionais de sociedade aberta que oferecem cursos de serviço social no Nordeste e a amostra concentrou-se nos cinco grupos listados na B3: Cogna, Yduqs, Ânima, Ser Educacional e Cruzeiro do Sul, no período de 2002 a 2022. Os resultados da pesquisa permitem considerar que os grupos educacionais têm provocado a transformação do ensino superior, com a tendência de pressionar a reconfiguração da formação profissional na região, conforme o modus operandi do rentismo e os valores da gerência corporativa. Isso implica na criação, fortalecimento e reprodução de uma cultura profissional de oposição ao projeto ético-político profissional, fundada em tendências teórico-políticas pragmáticas e tecnicistas e de baixa densidade reflexiva. Na contramão dessa dinâmica, tal realidade exige da categoria alinhada ao projeto ético-político hegemônico e ao projeto societário da classe trabalhadora, o fortalecimento das estratégias voltadas para um processo formativo contra- hegemônico, sintonizado aos valores emancipatórios.