BARRAGENS, LUGARES E RESISTÊNCIAS: O PROCESSO DE DESLOCAMENTO DA COMUNIDADE BARRA DE SANTANA JUCURUTU/RN.
Barragem de Oiticica. Movimento dos Atingidos por Barragens. Territórios Simbólicos.
A chegada de um projeto de barragem é imbuída de conteúdos que se misturam em um contexto socioespacial peculiar: a retirada de uma população do seu lugar para o enchimento do reservatório a ser construído. Dentro desse cenário as noções de território, poder, experiência e lugar ganham relevo para a compreensão dos laços que foram construídos por essas pessoas com o seu espaço e as estratégias que são traçadas, pelo coletivo, na luta por direitos. O objetivo do presente trabalho é discutir a construção da Barragem de Oiticica e a dinâmica das lutas implementadas pela comunidade de Barra de Santana. Nesse intento, as leituras de Bonnemaison e Cambrezy (1996), Dardel (2015), Raffestin (1980) e Relph (1976) embasam a leitura do fenômeno através do olhar geográfico. Enquanto os trabalhos de Germani (1982), Sigaud (1986, 1986) e Vainer e Araújo (1990) são referências importantes para acessar os conteúdos principais que são relevantes na análise de construção de barragens a nível nacional. O que já foi estudado, sobre os processos de reassentamento comunitários, evidencia a falta de compromisso dos responsáveis pelas obras com os direitos humanos e a legislação ambiental. Portanto, não dá para encarar as injustiças que já foram cometidas e aquelas que ainda tentam ser impostas às comunidades como elementos inerentes aos projetos de desenvolvimento. Ao conseguirem tomar o controle da narrativa para si, os moradores de Barra de Santana batalharam pelas conquistas necessárias para um reassentamento mais digno e a certeza de terem nas próprias mãos o destino do seu futuro coletivo.