A PRODUÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO E O TURISMO: TEXTURAS, POLIFONIA E INTERDITOS NA COSTA DO DENDÊ, BAHIA
Produção do Espaço Geográfico, Fenômeno Turístico, Costa do Dendê.
O presente trabalho versa sobre o processo de produção do espaço geográfico e o fenômeno turístico na Costa do Dendê, Bahia, tendo como elemento basilar o debate sobre texturas, polifonias e interditos presentes neste processo. O caminho trilhado dialoga com a teoria lefebvriana sobre a leitura do processo de produção do espaço e sua tríade concebido/percebido/vivido. Tal discussão refere-se ao espaço enquanto produto da reprodução da vida e sobre a produção capitalista no que tange o desenvolvimento desigual e combinado, temática que envolve as concepções e as ações sobre o espaço geográfico e que confere valores, no que tange a perspectiva marxiana sobre o uso, a troca e o valor. Neste caso, o planejamento turístico tem rebatimentos diretos sobre a forma de reprodução deste fenômeno em suas materialidades, usos e apropriações, e inclusive apresenta, a partir da leitura do desenvolvimento geográfico desigual, outras realizações possíveis no espaço e em suas materialidades/práticas e usos isotópicos/heterotópicos/utópicos - sendo estas carregadas de intencionalidades, como apresentado no estudo de caso sobre a Costa do Dendê. Partindo desse pressuposto, a região da Costa do Dendê apresenta um campo vasto para a análise das morfologias materiais e sociais presentes no processo de (re)produção do espaço geográfico, do qual faz parte o fenômeno turístico possibilitando, através das experiências presentes nesse universo de análise, (re)pensar planejamentos e ações que se direcionem à justiça social. O debate traçado tem como ponto de partida o reconhecimento da diversidade que compõe o espaço geográfico (e sua produção) em suas múltiplas escalas, que no estudo de caso da Costa do Dendê perpassa pelo recorte regional, municipal e da trama presente sobre o fenômeno turístico. Os capítulos da tese referem-se ao movimento triá dico para analisar o processo de produção do espaço da Costa do Dendê, perpassando pela análise sobre o processo de valorização do espaço, mediada pela relação troca/uso/valor; culminando na análise sobre as instâncias espaciais (concebido/percebido/vivido), direcionando as análises sobre como vem ocorrendo a (re)produção da Costa do Dendê, assim como a projeção de cenários, contextualizada através das discussões sobre isotopia, heterotopia e utopia. A partir do caminho trilhado, respondeu-se à questão: em quais bases se realiza o fenômeno turístico no processo de produção do espaço geográfico da Costa do Dendê e quais as possibilidades concernentes às ações que sejam direcionadas ao plano heterotópico, no que se refere ao desenvolvimento geográfico desigual? Através da análise ora apresentada, confirmou-se a hipótese de que tal fenômeno, em sua totalidade no processo de produção do espaço geográfico, reproduz coesões nas distintas morfologias e apropriações, configurando isotopias, heterotopias e possibilidades de transformação pela capacidade humana de se projetar outros futuros, expressas nas distintas lógicas do planejamento e do reflexo de tais práticas no plano da vida, dos encontros e desencontros entre turistas e autóctones, da ação estatal e empresarial. Tais leituras foram realizadas através da observação de materialidades e práticas isotópicas, heterotópicas e utópicas, que seguem, respectivamente, lógicas unitárias e diversas, ligadas diretamente à ação capitalista e à reprodução social; abordagem aqui contextualizada com o estudo sobre o fenômeno do turismo na Região da Costa do Dendê, no estado da Bahia.