Avaliação dos serviços ecossistêmicos prestados pelas áreas úmidas da zona estuarina do rio Piranhas-Açu (RN-NE - Brasil).
Ecossistemas costeiros, SIG, Litoral semiárido.
As áreas úmidas são ambientes terrestres e aquáticos, inundados periodicamente por água doce, salobra ou salina, sendo de origem natural ou artificial, continental ou costeira. Ocorrendo em quase todas as porções do globo, no Brasil, os ecossistemas costeiros estão bem distribuídos, representando 20% do território, em virtude dos condicionantes físicos locais. Diante disso, a pesquisa parte da problemática de que no Brasil, a ocupação da zona costeira se configura como um sério risco e comprometimento aos serviços prestados pelos ecossistemas costeiros, especificamente no litoral semiárido do país, verificando-se a ocorrência de uma grande diversidade de áreas úmidas, sejam elas costeiras/estuarinas (ex. manguezais, lagunas, lagoas) ou artificias (ex. salinas solares). O complexo estuarino do rio Piranhas-Açu, localizado entre os municípios de Macau e Porto do Mangue no estado do Rio Grande do Norte é uma das áreas que desempenha um papel importante, devido a diversidade de áreas úmidas costeiras que configuram a paisagem, sendo esses ecossistemas responsáveis por prestarem muitos serviços ecossistêmicos ao bem-estar das comunidades humanas locais. Os serviços ecossistêmicos (SE) são a capacidade que o ecossistema tem de oferecer bens ou serviços ao homem, seja de maneira direta (tangível) ou indireta (intangível), em prol do seu bem-estar. A partir dessa concepção, este estudo tem como foco principal avaliar a dinâmica da prestação de serviços ecossistêmicos pelas áreas úmidas na zona estuarina do rio Piranhas-Açu (RN), a partir da identificação e caracterização do uso e cobertura da terra nos últimos 50 anos. Este período de meio século é destacado em virtude do início de intensas modificações na paisagem nas zonas estuarinas do litoral setentrional, principalmente com a construção de extensas áreas para cultivo de camarão, seguidas da expansão e mecanização da atividade salineira. Por último, esse estudo busca avaliar o comprometimento destes serviços a partir do uso e cobertura. A metodologia empregada pra realizar a pesquisa conta na fase inicial com a montagem de uma matriz teórica que auxilia no desenvolvimento da investigação científica da pesquisa, seguida do mapeamento multitemporal das áreas úmidas, que contará com o auxílio do sistema de informações geográficas e as visitas in loco para verificar a acurácia do mapeamento mais recente, assim como a classificação dos macrohabitats identificados, baseando-se no estudo de Junk et al. (2014), sendo classificados ainda de acordo com a feição hidrogeomorfológica e fitofisionômica. Para a classificação dos serviços ecossistêmicos será utilizada CICES – The Common International Classification of Ecosystem Services, que divide os serviços em provisão, manutenção/regulação e culturais. Os serviços identificados e classificados serão espacializados de acordo com a metodologia de Burkhard et al. (2017), possibilitando a identificação das principais áreas que apresentam maior produção de serviços. Para avaliar o comprometimento dos serviços ecossistêmicos e contribuir com o ordenamento territorial nestas áreas, será empregada a metodologia de avaliação ambiental qualitativa por meio do modelo DPSIR. Como resultados preliminares foram identificados cinco ecossistemas costeiros, entre eles: estuário, lagoas costeiras, manguezal, apicuns (planície hipersalina com campo salino) e salinas solares, onde pode-se perceber que a maior parte do território é representado pelas salinas solares, enquanto os ecossistemas naturais apresentam um padrão mais localizado de ocupação. Posto isso, acredita-se que através desta pesquisa, é possível contribuir com um maior conhecimento sobre as áreas úmidas situadas em zonas costeiras sob clima semiárido, assim como servir de suporte para consulta durante a elaboração e/ou implantação de políticas públicas de ordenamento do território e gerenciamento costeiro nestas áreas.