INVESTIMENTOS INTERNACIONAIS E A VALORIZAÇÃO IMOBILIÁRIA DOS MUNICÍPIOS DE MAXARANGUAPE E RIO DO FOGO
Investimentos internacionais. Mercado imobiliário. Lazer e turismo. Maxaranguape e Rio do Fogo.
Desde meados da década de 1970 o mundo vem passando por transformações significativas, entra em cena uma nova etapa de acumulação mundial do capital, inicia-se a chamada reestruturação produtiva. Essa reestruturação materializa-se espacialmente através da reconfiguração dos territórios, redefinindo seus usos e propiciando uma nova estruturação espacial. No que se refere ao território potiguar, observa-se, a partir dos anos de 1980, a emergência de novas atividades econômicas, dentre as quais se destacam o turismo, que passam a ser estimuladas a partir de políticas governamentais. Dentro desse contexto tem se destacado o litoral leste do estado, pois suas praias têm reconhecido apelo paisagístico e qualidade ambiental. Tendo em vista essa oportunidade de negócios, os investidores internacionais acabaram investindo nessa porção do território potiguar, principalmente ao longo da última década. A expansão desse processo, em direção ao litoral norte, implicou na emergência de uma intensa dinâmica imobiliária nos municípios de Maxaranguape e Rio do Fogo. O baixo valor das terras e das edificações, comparativamente ao mercado europeu e a disponibilidade dos imóveis, constituíram os principais fatores que explicam a atração de tais investidores, que passam a ser observados como novas oportunidades de negócios, com altas taxas de lucratividade, em áreas tropicais, até então, periféricas do sistema econômico. Sendo assim, o objetivo da pesquisa é analisar em que medida os Investimentos Internacionais promoveram a valorização dos imóveis nos municípios de Maxaranguape e Rio do Fogo. O recorte temporal compreende o período entre 2000-2013. A metodologia consistiu nos seguintes procedimentos: levantamentos e análise dos dados coletados nos Cartórios de Registros de Imóveis dos municípios de Maxaranguape e Rio do Fogo; realização de entrevistas junto aos agentes públicos e privados que se mostraram importantes para a análise das transformações espaciais e da valorização dos imóveis que ocorreu nos municípios estudados; levantamento de dados secundários junto aos órgãos oficiais, tais como: IBGE, MTUR, SETUR, BNB etc. Analisando as informações e os dados que foram catalogados, concluíu-se que tais investimentos estão reforçando antigas práticas de lazer e turismo existentes preteritamente nesses territórios e transformando (criando novos arranjos territoriais) boa parte da zona costeira oriental do estado. Outra consequência ligada a esse recente fenômeno refere-se à valorização dos imóveis que vem ocorrendo nessa porção do estado, episódio que está diretamente ligado a esse evento. Dessa forma, compreende-se que a expansão e a incorporação de territórios pelo capital revelam, em parte, as estratégias do modo de produção capitalista, as quais se evidenciam na busca por melhores condições de acumulação, ampliando as alternativas de uso do território que ocorre de forma seletiva e desigual no espaço geográfico. Observa-se que os mecanismos que o capital lança mão para impor suas práticas podem ocorrer através da valorização do mercado de terras, significando, dessa forma, que a reprodução das desigualdades acontece, muitas vezes, através da especulação fundiária acentuada com a rápida valorização dos imóveis.