A minha dor não é a dor dela: investigações etnográficas sobre a vivência de mulheres com artrite reumatóide
Antropologia da Saúde. Artrite reumatóide. Experiência da Doença. Itinerário Terapêutico. Interseccionalidade.
A artrite reumatóide (AR) é considerada uma doença inflamatória, auto-imune, degenerativa, multifatorial, que afeta quatro vezes mais mulheres do que homens, e se manifesta principalmente através de dores intensas nas articulações, inchaço e pela dificuldade em movimentar-se devido às limitações corporais causadas. Posto isto, esta pesquisa busca investigar experiências de vida de mulheres com artrite reumatóide, a fim de compreender através da trajetória de vida e do itinerário terapêutico, as experiências da doença, a depender do contexto social vivenciado e demais fatores implicados, como eventos críticos (DAS, 1995) - que podem impulsionar rupturas biográficas (BURY, 1982), ou mudanças nos projetos de vida (VELHO, 2003) - e nisso buscar perceber as distintas práticas terapêuticas desenvolvidas visando processos de cura e “remissão”. Para tanto, realizei a pesquisa a partir do ambulatório de Reumatologia do Hospital Universitário Onofre Lopes, local que atende à demanda do estado do Rio Grande do Norte, e também, por outra perspectiva, fiz pesquisa através das redes sociais, através da metodologia bola de neve, também conhecida como snow ball e da pesquisa de ambientes de rede virtual, especificamente grupos no Facebook e Instagram de pessoas com AR. Visando investigar questões acerca da interseccionalidade enquanto perspectiva analítica (PUAR, 2013), pretende-se compreender a realidade social na qual a experiëncia da doença é vivenciada, refletindo desde a descoberta da doença, os processos terapêuticos até o acesso aos benefícios e direitos sociais através da sete principais interlocutoras da pesquisa: Jasmim, Tulipa, Girassol, Margarida, Aroeira, Gloriosa e Orquídea. Para através das narrativas compreender pormenores da experiência da doença, por meio do processos diagnósticos, dos itinerários percorridos, e pelas histórias de vida atravessadas pelos marcadores sociais da diferença, salientes de maneira particular em cada pessoa.