FATORES DE RISCO ASSOCIADOS AO DESENVOLVIMENTO DE ALTERAÇÕES BUCAIS EM PACIENTES SOB TRANSPLANTE DE CÉLULAS TRONCO-HEMATOPOIÉTICAS: UM ESTUDO DE CORTE
Neoplasias hematológicas. Transplante de células-tronco hematopoiética. Transplante de medula óssea. Alterações bucais.
O transplante de células-tronco hematopoiéticas pode causar efeitos adversos no meio ambiente bucal que pode influenciar na resposta do paciente ao tratamento e consequentemente no prognóstico. Este estudo objetivou identificar as alterações bucais mais prevalentes durante o período de internação para a realização do TCTH, analisar o tempo de desenvolvimento destas alterações neste período, bem como os fatores inerentes ao paciente e ao TCTH associados ao desenvolvimento destas alterações. Tratou-se de um estudo observacional, longitudinal, do tipo coorte realizado em pacientes assistidos pelo setor de transplante de medula óssea em um hospital de referência no Rio Grande do entre Dezembro de 2021 a Junho de 2022. Os dados sobre o exame físico bucal, diagnóstico da desordem hematológica, o tipo de transplante, as comorbidades, os protocolos quimioterápicos e os fatores de risco local dos pacientes no período do TCTH obtidos foram submetidos ao teste de Kaplan-Meyer, teste paramétrico de logrank e a regressão de COX univariada para estimar o tempo de surgimento das alterações e associação de fatores de risco. A significância estatística adotada foi de 5%. Dos 30 pacientes selecionados, 57,7% eram do sexo masculino, com de 35 anos, onde 93,3% desenvolveram alguma alteração bucal e 53,3% iniciaram o tratamento com algum fator de risco local. A desordens hematológicas mais frequentes foram as leucemias (mielóide e linfoide) e os mielomas múltiplos (23,3% cada). O FluBuMel foi o protocolo de condicionamento mais utilizado (40%). A alteração bucal mais frequente foi o edema de mucosa jugal (83,3%) seguida da mucosite oral (80%; grau 1 - 54,2%). O tempo de seguimento foi em média 23 dias e, foi verificado que no 5º dia de internação a probabilidade do paciente estar livre de alterações bucais foi de 93,3%, com essa taxa diminuindo ao longo do tempo, atingindo 6,7% no 28º dia. O protocolo Mel200 foi associado ao desenvolvimento mais precoce das alterações bucais (p=0,02), assim como o transplante do tipo autólogo (p=0,004). Nossos resultados sugerem que o tempo de surgimento das alterações bucais é influenciado pelo tipo de transplante e protocolo de condicionamento quimioterápico e adicionalmente, reforçam que a presença de um cirurgiã-dentista na equipe influenciou positivamente no controle da severidade das alterações bucais.