Imunoexpressão das proteínas ING3 e ciclina D1 entre displasias epiteliais e carcinomas epidermoides de língua.
Carcinoma epidermoide oral. Displasia epitelial oral. Biomarcadores Tumorais. Imuno-histoquímica.
O carcinoma epidermoide oral (CEO) é uma neoplasia maligna de patogenia complexa. Por sua vez, a displasia epitelial oral (DEO) é uma entidade que, na dependência de sua evolução, exibe riscos variados de transformação maligna para o CEO. A expressão alterada de genes supressores tumorais e proteínas reguladoras do ciclo celular apresentam relação com a etiopatogênese de diferentes tumores malignos. Entre os genes supressores tumorais destaca-se a família de inibidores de crescimento (inhibitor of growth - ING) que impede a formação celular descontrolada. Dentre as proteínas reguladoras do ciclo celular a Ciclina D1 atua na progressão da fase G1 para S, permitindo a proliferação celular. O objetivo do presente estudo foi analisar a imunoexpressão das proteínas ING3 e Ciclina D1 em 28 espécimes de DEO e 25 de CEOs, localizados em língua, bem como avaliar morfologicamente e reclassificar as lesões segundo os critérios estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e por Kujan et al. (2006), para DEO; por Almagunsh et al. (2015) para CEO. A imunoexpressão das proteínas foi avaliada de forma quantitativa, considerando a localização celular (citoplasmática e/ou nuclear para ING3 e nuclear para Ciclina D1), presentes no componente epitelial. A expressão das proteínas foi comparada entre os dois grupos de amostras, bem como com os parâmetros clínico-patológicos das lesões estudadas, através dos testes estatísticos Mann-Whitney (U) e teste de correlação de Spearman, adotando nível de significância de 5% para todos os testes considerando o valor de p ≤ 0,05. Dos 28 casos de DEO analisados 53,6% se mostraram como lesões de alto risco, conforme o modelo binário, assim como, dos 25 casos de CEO analisados 48%, foram considerados escores de alto risco de acordo com o modelo BD. Não foram encontradas associações estatisticamente significativas entre as variáveis morfológicas das lesões estudadas e as características clínicas (p>0,05). Foi observado diferença estatisticamente significativa entre a ausência de expressão de ING3 e a gradação das DEOs, segundo a OMS (p<0,05). Com relação a expressão de Ciclina D1, esta foi significativamente maior em DEO, quando comparada aos casos de CEO (p<0,05). A expressão de ING3 núcleo-citoplasmática foi significativamente menor nos casos de CEO, quando comparada aos casos de DEO (p<0,05). A expressão de ING3 restrita ao citoplasma foi maior nos casos de DEO, quando comparadas aos casos de CEO (p<0,05). Os resultados do presente estudo sugerem que, apesar de não haver evidências, com relação significativa entre a expressão das proteínas com as gradações histopatológicas das lesões, há notável diminuição da expressão nuclear de ING3, com o aumento da severidade das lesões, indicando função supressora tumoral alterada desta proteína em DEO e CEOs. Destacamos ainda o aumento da expressão de Ciclina D1 em DEOs, mostrando que essas lesões detêm uma taxa de proliferação celular significativa.