Fatores de risco a adaptação de novas próteses mandibulares:Ensaio clínico
Prótese Total Mandibular, Adaptação, Fatores de Risco
Objetivo: Esse ensaio clínico controlado não randomizado se propôs a investigar a incidência e os fatores de risco a adaptação de prótese total convencional mandibular (PTCM). Materiais e Métodos: Um total de 108 edêntulos bimaxilares foram reabilitados com próteses totais e acompanhados por um período de 6 meses. Após 3 meses da instalação das próteses, os pacientes foram divididos em dois grupos: PTA (Pacientes adaptados a PTCM; n=67) e PTN (Pacientes não adaptados a PTCM; n=41). Os critérios que confirmaram a adaptação dos pacientes foram: realizar a mastigação, fonética e deglutição confortavelmente com as próteses. Os pacientes foram avaliados quanto a aspectos sociodemográficos, critérios centrados no paciente e à qualidade técnica das próteses. Um questionário foi aplicado no momento da instalação das novas próteses para a obtenção dos dados sociodemográficos e individuais dos pacientes. A qualidade técnica da prótese (QT) foi avaliada clinicamente através de fatores técnicos relacionados às próteses. Os fatores de risco foram analisados estatisticamente pelo Teste do Qui-quadrado ou Exato de Fisher. Foi realizada análise multivariada e o risco relativo foi ajustado através da regressão múltipla de Poisson. A qualidade técnica foi avaliada por meio de testes não-paramétricos de Mann-Whitney nas análises intergrupos e testes de Wilcoxon nas análises intragrupos, considerando-se intervalo de confiança de 95%. Resultados: Os resultados revelaram incidência de 38% dos indivíduos não adaptados a novas próteses totais mandibulares após 3 meses. Essa não adaptação à prótese total mandibular esteve correlacionada ao baixo nível de escolaridade, à ausência de experiência prévia com PTCM e ao maior tempo de uso da PT inferior (p<0,05). Próteses confeccionadas por técnicos, presença de ulcerações após a reabilitação e a altura do rebordo mandibular posterior reduzida demonstraram correlação significativa com a não adaptação à prótese total (p<0,05). Após 6 meses, essa incidência reduziu para 14,1%, sendo a ocorrência de lesões ulcerosas o único fator de risco associado à não adaptação à PTCM. Avaliações intragrupos para QT revelaram forte associação significativa para ambos os grupos (p<0,05). Conclusão: Conclui-se que após 3 meses, o baixo nível de escolaridade, a ausência de experiência prévia com PTCM, maior tempo de uso da PT inferior, o uso de PT confeccionada por não dentista, registro de úlceras traumáticas em arco mandibular e a presença de rebordos mandibulares reduzidos interferem negativamente na adaptação às novas próteses inferiores constituindo-se como fatores de riscos ao não uso da PTCM. Todavia, após 6 meses de uso das próteses, apenas a ocorrência de lesões ulcerativas é fator de risco à não adaptação à prótese mandibular.