FATORES DE RISCO PARA O APARECIMENTO DE ALTERAÇÕES BUCAIS EM PACIENTES INTERNADOS EM UTI: ESTUDO DE COORTE
Unidade de Terapia Intensiva; Fatores de Risco; Diagnóstico Bucal;
Introdução: A unidade de terapia intensiva (UTI) é um setor da área hospitalar em que se presta assistência ao paciente em estado crítico, o qual geralmente apresenta alterações bucais que o afetam de maneira sistêmica. O diagnóstico dessas alterações e a identificação dos fatores de risco contribuirá para a melhoria dos cuidados de saúde e na prevenção de problemas de saúde sistêmica. Objetivo: Avaliar os fatores de risco para o desenvolvimento de alterações bucais nos pacientes atendidos em Unidade de Terapia Intensiva. Materiais e métodos: Trata-se de um estudo de campo, do tipo coorte, prospectivo, realizado entre maio a dezembro/2019 com 43 pacientes na UTI da Liga Contra o Câncer/RN. Os dados foram coletados, após realização de calibração in lux, por 03 avaliadores que incluíram os principais desfechos (alterações bucais com maior morbidade) e dados referentes aos pacientes (sexo, idade, tempo de internação, alta ou óbito, doenças de base, condição fisiorrespiratória e exames hematológicos). Foram realizados os testes de concordância Kappa, Mann Whitney (U), Qui-quadrado de Pearson com correção de continuidade e Teste Exato de Fisher, o qual adotamos para todos o valor de p =0.05. Resultados: Entre os 43 pacientes incluídos, 53.5% (n=23) eram do sexo feminino com idade média de 59.8 anos (d.p.±17.4). Em relação aos grupos, a média de idade do grupo que apresentou alterações bucais (66.9 anos) foi maior que o grupo sem alterações (52.3 anos), além de maior tempo de hospitalização (15.3 dias) e maiores níveis de proteína C reativa. A prevalência dessas alterações nos pacientes internados na UTI foi de 51,2% (IC 95%: 35,6%-66,8%). Entre os pacientes com alterações bucais (n=22), a hipossalivação (n=9) e língua saburrosa (n=9) foram as mais comuns. Foi observado que os pacientes do sexo masculino (p=0.02), maiores de 60 anos (p=0.004) e que utilizam a ventilação mecânica (p<0.05) foram os fatores de risco para o desenvolvimento de lesões bucais. Além disso, o teste não paramétrico de U revelou haver diferença estatisticamente significativa entre os grupos (presença ou não de alterações) em relação à mediana da idade (p<0.01). Conclusões: A idade e o sexo são importantes fatores de risco para o desenvolvimento de alterações bucais. O uso do tubo orotraqueal e da ventilação mecânica ao longo da internação também devem ser considerados. Além disso, devido a mais de 50% dos pacientes internados apresentarem alterações, é importante a presença do CD de forma integral para a prevenção, diagnóstico e tratamento dos problemas bucais. A partir disso, a equipe de cuidado intensivo, especialmente, o cirurgião-dentista deve ficar atento a esses fatores de risco para que o cuidado bucal individual seja realizado e saúde seja otimizada.