IMUNOEXPRESSÃO DAS PROTEINAS E-CADERINA, SNAIL 1 E VIMENTINA EM NEOPLASIAS DE GLÂNDULA SALIVAR
Glândulas salivares; Neoplasias; Adenoma Pleomórfico; Carcinoma Adenoide Cístico; Transição Epitelial-Mesenquimal; Imuno-histoquímica; E-caderina; Snail;. Vimentina.
Os tumores de glândula salivar (TGS) são responsáveis por cerca de 2% a 10% das neoplasias da região de cabeça e pescoço e são caracterizados por sua diversidade morfológica e de comportamentos biológicos. Sabe-se que algumas das características de tumores malignos, como a invasão tumoral e metástases à distância, possuem envolvimento da transição epitélio-mesênquima (TEM), evento no qual proteínas como a E-caderina, Snail1 e Vimentina estão diretamente envolvidas. Esta pesquisa se propôs a analisar e relacionar a expressão imuno-histoquímica dessas proteínas com as características clínico-patológicas em adenomas pleomórficos (APs), carcinomas adenoides císticos (CACs) e carcinomas ex-adenomas pleomórficos (CaExAPs) de glândulas salivares maiores e menores. A análise da imunoexpressão dessas proteínas foi feita de forma semiquantitativa em 20 casos de APs, 20 de CACs e 10 de CaExAPs. Na avaliação de E-caderina, considerou-se a expressão em membrana e/ou citoplasma das células do parênquima tumoral. Para a Snail1, foi considerada a expressão nos compartimentos nuclear e/ou citoplasmático dessas células. A Vimentina foi analisada no citoplasma de células fusiformes presentes no estroma dos TGS. Os dados obtidos foram comparados e correlacionados utilizando o nível de significância de 5% (p ≤ 0,05). Observou-se imunopositividade para E-caderina principalmente em citoplasma das células neoplásicas não-luminais; a marcação membranar, perceptível em células luminais, estava mais presente nas neoplasias malignas (p = 0,041). A expressão de Snail1 foi mais frequente no compartimento nuclear, sendo mais evidenciada em células não-luminais dos TGS, apresentando maior reatividade nuclear em tumores malignos (p = 0,012). A expressão nuclear dessa proteína também foi maior para CACs e CaExAPs ao compará-los, de forma separada, com os APs (p = 0,037 e p = 0,025, respectivamente). Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre a expressão de E-caderina e Snail1 e outros parâmetros clinico-patológicos e os subtipos histopatológicos das lesões (p > 0,05). A positividade para Vimentina foi vista no estroma de todos os casos de TGS, sendo mais difusa e intensa em CACs. Não foram verificadas diferenças estatisticamente significativas entre a expressão desse biomarcador e os parâmetros clínico-patológicos e subtipos histopatológicos das lesões (p > 0,05). Houve correlações positivas entre as expressões membranar e citoplasmática de E-caderina em APs, CACs e CaExAPs (p = 0,002; p < 0,001; p = 0,031), bem como entre a expressão nuclear e citoplasmática de Snail1 e a expressão citoplasmática de E-caderina e nuclear de Snail1 em APs (p = 0,009; p =0,032). Foram verificadas correlações negativas entre a expressão membranar de E-caderina e citoplasmática de Snail1, bem como entre Snail1 nuclear e Vimentina em CACs (p = 0,036; p = 0,021). Essa última correlação, bem como correlação positiva entre a expressão membranar e citoplasmática de E-caderina, também foi vista entre os casos de CACs e CaExAPs quando agrupados (p = 0,0011; (p < 0,001). Os resultados do presente estudo sugerem que a participação de proteínas no processo da TEM pode estar relacionada ao estágio de diferenciação celular em APs e à progressão tumoral nas neoplasias malignas, além de que é possível que a expressão de E-caderina e de Snail1 em neoplasias malignas seja um reflexo da plasticidade presente no processo estudado. Ressalta-se, também, o provável papel da Vimentina na identificação de células neoplásicas, em estágios tardios da TEM, no estroma de tumores malignos de glândulas salivares.