AVALIAÇÃO IN VITRO E IN SILICO DA ATIVIDADE ANTINEOPLÁSICA DO S-(-)-ÁLCOOL PERÍLICO SOBRE O CARCINOMA EPIDERMÓIDE DE LÍNGUA
Carcinoma Oral de Células Escamosas da Língua; Monoterpenos; Agente Antineoplásico; Simulação por Computador
O carcinoma epidermóide oral (CEO) é a neoplasia maligna mais frequente da cavidade oral e constitui um problema de saúde pública devido a sua alta taxa de incidência e mortalidade causada em muitos casos, pelo fracasso terapêutico e a resistência tumoral. Assim sendo, destaca-se a busca por novas moléculas biologicamente ativas, como as encontradas nos produtos de origem natural. Este trabalho tem como objetivo avaliar a atividade antineoplásica do S-(-)-álcool perílico (POH) em culturas de células de CEO de língua e analisar o provável mecanismo de ação sobre a atividade antineoplásica desse fitoconstituinte através do docking molecular. Para isso, foram utilizadas duas linhagens celulares de CEO de língua, HSC-3 e SCC-25. Foram analisados os seguintes grupos: G0 (controle; células cultivadas na ausência de POH), G1 (células tratadas com cisplatina a 40 μM), G2 (células tratadas com POH a 0,5 mM), G3 (células tratadas com POH a 1,0 mM), G4 (células tratadas com POH a 1,5 mM) e G5 (células tratadas com POH a 3,0 mM). Diferenças entre estes grupos foram investigadas através dos seguintes ensaios: viabilidade celular (Alamar Blue e Live/Dead assay) e atividade migratória (Wound healing). Foi também realizada a predição do mecanismo de ação do POH sobre moléculas de controle do ciclo celular utilizando a docagem molecular com emprego dos softwares AutoDock 4.2 e Molegro Virtual Docker, v. 6.0.1. Os dados serão tratados estatisticamente pelo GraphPad Prism 6.0 (GraphPad Software, EUA), análises paramétricas utilizando teste Anova, pós-teste de Tukey e teste estatístico não-paramétricos de Kruskal-Wallis, seguido pelo pós-teste Mann-Whitney foram adotados para determinação de diferenças entre os grupos experimentais. O índice de significância considerado neste trabalho foi de 5%. Na análise da viabilidade celular através do Alamar Blue, para a linhagem celular SCC-25, a viabilidade celular foi reduzida significativamente nos grupos cisplatina 40 μM, POH 0,5 mM, POH 1 mM, POH 1,5 mM e POH 3 mM (p<0,05), nos intervalos de 24 h e 48 h quando comparado ao controle de crescimento. Por sua vez, no intervalo de 72 h, apenas a concentração POH 0,5 mM não apresentou diferença estatística quando comparado ao grupo controle (p= 0,35). Para a linhagem celular HSC-3, houve uma diminuição significativa da viabilidade nos grupos cisplatina 40 μM, 1 mM, 1,5 mM e 3 mM (p<0,01), no intervalo de tempo de 24h, 48h e 72h, quando comparado ao controle de crescimento. Além disso, para ambas as linhagens, a concentração POH 3 mM apresentou os melhores resultados de redução da viabilidade quando comparada à cisplatina 40 μM, nos intervalos de 24 h para SCC-25 e de 24 h (p<0,01) e 48h (p<0,01) para a HSC-3. Na análise da viabilidade celular pelo Live/Dead assay, para a linhagem celular SCC-25, todos os grupos experimentais mostraram redução significativa da porcentagem da viabilidade celular (p<0,001) quando comparado ao grupo controle, uma vez que, para a linhagem HSC-3, apenas o grupo POH 0,5 mM não apresentou diferença estatisticamente significativa frente o grupo controle (p= 0,9663). Quanto a capacidade antimigratoria do POH, para a linhagem SCC-25, os grupos cisplatina 40 μM, POH 0,5 mM e POH 1,0 mM tiveram uma redução da migração celular estatisticamente significativa quando comparada ao grupo controle, no tempo de 12h, por outro lado, no período de 24 h, apenas a cisplatina mostrou atividade antimigratórias (p≤ 0,05). Para a linhagem HSC-3, os grupos cisplatina 40 μM e POH 1 mM apresentaram diferenças estatística comparado ao grupo controle (p≤ 0,05), nos intervalos de 12 h e 24 h. A habilidade da molécula POH se ligar a proteínas responsáveis pela ativação do ciclo celular foi avaliada usando docking models. Dentre elas, a proteína GTPase Kras mostrou a melhor energia de ligação (-86.70 kcal/mol), apresentando ligações de hidrogênio com os resíduos THR58 (A) e ASP57 (A) e ligações estéricas com os resíduos TRY32 (A) e ALA18 (A). As evidências deste estudo corroboram a ideia de que o POH possui atividade antineoplásica sobre o CEO, sugerindo que essa molécula possa ser uma forte candidata para o desenvolvimento de medicamentos direcionados ao tratamento desta patologia.