A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E COORDENAÇÃO DAS AÇÕES DA EQUIPE DE EMERGÊNCIA DO SAMU-NATAL

Ergonomia, Comunicação, Cooperação, Coordenação, Trabalho em Equipe, Serviço de Urgência.

 Os atendimentos de urgência que utilizam unidades móveis são significantes e de grande importância em todo o mundo, principalmente em grandes cidades. Estes atendimentos pré-hospitalares são cruciais para estabilizar o quadro de saúde da vítima e salvar vidas em curtíssimo período de tempo. Cada vez mais a comunicação é crucial nas atividades coletivas de trabalho, em especial quando se trata de pessoas que trabalham em equipe e em atividades de urgência e/ou de alta complexidade, como é o caso do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência-SAMU. O trabalho no serviço de urgência configura-se como um processo de trabalho coletivo em que uma equipe multiprofissional é responsável pela articulação das diferentes ações que envolvem o cuidado aos pacientes em situação de urgência. Dessa forma, a promoção do trabalho em equipe configura-se como uma das principais habilidades esperadas pelos profissionais que compõem as equipes do serviço na gerência do cuidado ao paciente em situações de urgência, visando à qualidade do serviço prestado. O presente trabalho tem como objetivo analisar de que modo as comunicações entre os membros das equipes de emergência do SAMU, e entre eles e outros operadores, interferem nas ações de cooperação entre eles e na sua coordenação e impactam na eficiência deste serviço prestado à população da cidade de Natal-RN, Brasil. Para tanto, foi adotado o método participativo e situado da Análise Ergonômica do Trabalho-AET, que se caracterizou pela aplicação das técnicas observacionais e interacionais na coleta de dados de campo. Buscou-se, com isso, identificar fatores que influenciam na comunicação, cooperação, coordenação e atividades das equipes do SAMU e propor indicações de melhoria nas situações de trabalho, de modo a favorecer a melhoria da qualidade da comunicação, cooperação e da coordenação das ações, visando a eficiência do serviço e, consequentemente, a segurança do paciente. Os principais problemas observados, relativos ao trabalho das equipes do SAMU, que interferem no trabalho da equipe de atendimento móvel, foram os seguintes: a) falhas nas transmissões via rádio entre a central de regulação e as equipes assistenciais (de atendimento móvel); b) ocorrência de esperas demoradas nos contatos telefônicos realizados pelos Telefonistas Auxiliares da Regulação Médica-TARMs com as unidades de saúde do destino final do paciente; c) demora da unidade de saúde do destino final do paciente para receber a equipe de atendimento móvel do SAMU e, consequentemente, para receber o paciente, aumentando o tempo para iniciar a continuidade do atendimento hospitalar do paciente; d) falhas nas práticas de comunicação em alça fechada, tal como prescrito nos protocolos PE-3 e PE-4. Foram também identificados nas atividades das equipes, alguns aspectos que contribuem positivamente para a eficiência da atividade, tais como: a) a existência da cooperação entre os  membros da equipe de atendimento móvel, entre os membros da equipe da Central de Regulação e entre as equipes; b) a convivência cotidiana entre os membros da mesma equipe de atendimento móvel escalada, aumentando a experiência, a eficiência da comunicação e da cooperação e a sinergia desenvolvida pela equipe de atendimento móvel ao longo do tempo; c) a comunicação como fator fundamental para a coordenação das equipes de atendimento móvel, através dos rádios e telefones da Central de Regulação. As principais medidas recomendadas para melhorar a comunicação entre as equipes e, portanto a coordenação das ações,  a cooperação entre elas e a segurança do paciente, são as seguintes: a) oferecer treinamentos de comunicação em equipe para os membros da equipe de atendimento móvel, entre estes e os membros da equipe da Central de Regulação, entre os membros da equipe da Central de Regulação e as unidades de saúde de destino dos pacientes, destacando  sua importância para a eficiência do serviço e a segurança do paciente;  e b) incentivar a utilização da prática de comunicação em alça fechada, visto que reduz os riscos de falhas no entendimento das falas e nas ações; c) estabelecer equipes fixas do atendimento móvel como estratégia para melhorar a cooperação e sinergia entre os membros da equipe e assistência à saúde, mas, periodicamente, fazer mudanças na formação das equipes para que estas novas formações adquiram, também, a habilidade de cooperação e a sinergia mínima necessária; d) ampliar a distribuição das antenas de rádios na cidade, para melhorar o sinal e reduzir as falhas nas transmissões; e) realizar reuniões quadrimestrais com as equipes da Central de Regulação e de atendimento móvel, em que elas tomem conhecimento sobre o tempo de resposta do serviço e busquem conhecer os fatores causais, que levam a este indicador,  para que se possa estabelecer estratégias para minimização racional deste tempo. A principal limitação deste trabalho reside na não realização da coleta de dados de campo de forma direta, porque não foi autorizada, pela Direção do SAMU-Natal, que a pesquisadora realizasse o acompanhamento das equipes das ambulâncias do SAMU durante os atendimentos móveis. Outra limitação diz respeito à existência de poucas publicações científicas sobre o serviço de Atendimento Pré-Hospitalar-APH móvel que abordem, diretamente, os temas de comunicação e cooperação de equipe. Dessa forma, sugere-se a realização de novas pesquisas direcionadas a tal temática, considerando os serviços de atendimento móvel em diferentes cidades e/ou estados para se fazer uma avaliação comparativa da formação de equipes, da comunicação e da cooperação entre seus membros com os impactos na qualidade do serviço.