RELAÇÕES DE GÊNERO E SUA POTENCIAL INFLUÊNCIA SOBRE A PERCEPÇÃO DOS ALUNOS QUANTO À PRÁTICA DOS ESPORTES
relações de gênero, práticas esportivas, Educação Física.
O estudo investigou de que forma as relações de gênero influenciaram a percepção de alunos do 6º ano do Ensino Fundamental acerca da prática esportiva, adotando abordagem qualitativa, aplicada e explicativa, realizado na Escola Municipal Olívio Ribeiro Campos, em João Pessoa - PB, em 2024. Embora a turma contasse com 33 alunos, participaram apenas 10 - 8 meninos e 2 meninas - que atenderam aos critérios de frequência, tiveram autorização dos responsáveis e participaram segundo as normativas éticas do CEP/UFRN e da Resolução CONEP no 510/2016, garantindo confidencialidade e voluntariedade. Para a coleta de dados, aplicaram-se, em momentos distintos das aulas regulares, um questionário estruturado focado em associações de modalidades ao gênero e uma entrevista semiestruturada para aprofundar relatos sobre experiências e crenças esportivas, sempre visando sigilo e conforto dos participantes. A análise temática (Braun & Clarke, 2006) permitiu identificar e categorizar padrões de percepção com base em referenciais sobre sexo e gênero (Butler; Louro), processos de generificação no esporte (Altmann; Sampaio et al.) e implicações pedagógicas na Educação Física escolar (Moraes; Dias; Oliveira). Nos resultados do questionário, as modalidades mais associadas ao masculino foram luta greco-romana, basquete, rugby e tiro esportivo, enquanto, na entrevista, o futebol emergiu como principal símbolo de esportividade masculina; já as práticas mais associadas ao universo feminino, em ambos os instrumentos, destacaram- se ginástica e voleibol. As entrevistas revelaram que estereótipos de gênero reforçavam barreiras de participação, pois os alunos relataram receio de críticas ou zombarias caso escolhessem modalidades “inapropriadas” ao seu gênero, e que o apoio ou julgamento de familiares e colegas influenciava decisivamente a escolha e a permanência em cada prática; ao imaginarem-se pertencentes ao gênero oposto, apenas um participante manteve sua preferência original, evidenciando a forte tensão entre normas sociais e desejos individuais. Além disso, ficou claro que o envolvimento ativo da família - principal fonte de apoio esperado pelos alunos - e a representação midiática de atletas e modalidades são fatores determinantes para legitimar escolhas esportivas e desconstruir estereótipos. Esses achados apontam que a escola - e, em especial, a Educação Física - precisa assumir papel central no questionamento e desconstrução dessas normas, aliando-se à família e aos meios de comunicação para promover práticas pedagógicas acolhedoras e reflexivas, ampliar horizontes de experiências corporais variadas e valorizar a diversidade em todas as atividades.