Reunir estudantes de artes cênicas de todo o país para promover a renovação da cena teatral é um dos objetivos do projeto a_ponte – cena do teatro universitário do Itaú Cultural (IC). A sexta edição do evento, que ocorreu entre os dias 23 e 27 de janeiro, contou com a participação da egressa do curso de Licenciatura em Teatro do Departamento de Artes da UFRN (Deart), Alessandra Augusta Lima dos Santos.

Alessandra Augusta apresentou o trabalho de conclusão de curso de graduação em Licenciatura em Teatro intitulado Pele Preta, Lousa branca: análise de um processo de escrita dramatúrgica coletiva autoral como prática emancipatória. O estudo foi orientado pela professora do Deart, Monize Moura e publicado na Revista pontilhados 2023 do Edital a_ponte – cena do teatro universitário.

No dia 25 de janeiro, a egressa da UFRN esteve no Itaú Cultural, em São Paulo, para apresentar o estudo. “Fiquei muito feliz com a aprovação no edital e de ter meu trabalho publicado na Revista pontilhados. Essa é a segunda vez que vou a São Paulo para falar sobre esse trabalho. Em dezembro de 2023 também participei do Festival Kwanzaa que homenageou Conceição Evaristo”, comenta.

“Minha orientadora foi muito sensível com seu olhar e atenção para com a minha pesquisa. Monize Moura assim como Conceição Evaristo são referências para mim no campo do teatro negro. Falo disso, pois temos ainda poucas produções voltadas para a negritude no campo das artes cênicas no Departamento de Artes. Meu trabalho tem o desejo de pensar o lugar do protagonismo feminino nos lugares de destaque na sociedade”, explica.

Alessandra Augusta apresentando trabalho de conclusão de curso no Itaú Cultural Foto: Thiago Gouvea

De acordo com a orientadora da pesquisa, o trabalho é um dos poucos no Nordeste contemplados pelo Itaú Cultural. “O trabalho da Alessandra trata de questões importantíssimas hoje no teatro, tanto na formação de artistas, quanto na sua formação de professores de teatro. É rico porque produz uma reflexão sobre seu próprio processo criativo: a construção de uma dramaturgia autoral, feminina e negra. E vai além, pensando sua relação com a sala de aula”, explica.

“Tem também o mérito de Alessandra de pensar esse processo criativo num contexto mais amplo, brasileiro. Então ela reflete também sobre a produção teatral de artistas negras, procurando entender como sua dramaturgia dialoga com algo maior. Para mim, orientar Alessandra foi um presente  e o reconhecimento do Itaú Cultural valoriza também o curso de Licenciatura em Teatro da UFRN”, relata.

Autora do trabalho Alessandra Augusta Foto: Thiago Gouvea

O trabalho

Trata da experiência do processo criativo da dramaturgia Pele Preta, Lousa branca. A peça foi escrita por duas autoras com assessoria de um dramaturgo, em 2021, com o incentivo da Lei Federal Aldir Blanc. “O objetivo foi abordar questões relacionadas ao racismo, violência doméstica, feminismo e empoderamento, através da reflexão sobre este exercício dramatúrgico”, conta Alessandra Augusta.

“Na análise sobre a dramaturgia, dialogamos com Conceição Evaristo, Grada Kilomba e Djamila Ribeiro, entre outras. Tratamos da ancestralidade como ponto central para a produção artística de mulheres negras, depois rememoram o processo de escrita de Pele Preta, Lousa branca, elencando pontos importantes como os desafios de escrever partindo de histórias de vidas reais. Por fim, discutimos a relevância dessa experiência para a minha formação enquanto artista-docente e seus desdobramentos para o ensino de teatro”, explica.

Sobre o Itaú Cultural

O IC é uma organização voltada para a pesquisa e produção de conteúdo, para o mapeamento, o incentivo e a difusão de manifestações artístico-intelectuais. Dessa maneira, contribui para a valorização da cultura da sociedade brasileira.

Por Larissa Araújo de Agecom/UFRN

06.02.2024