A vertente da formação profissional especificada neste documento contempla o ensino voltado à formação do professor de dança para a educação básica e outros níveis de ensino. O campo de atuação do profissional encontra-se prioritariamente na instituição escolar, mais especificamente no contexto da educação básica, porém, não se restringe a esta, visto que a dança como fenômeno educativo transcende o espaço da escola inserindo-se em outros espaços sociais no fomento da formação artística, da ação cultural e do lazer.
Como conhecimento, a dança possui muitas faces que se articulam e se complementam, quando se relaciona a diversos outros campos do conhecer como a Psicologia, a Sociologia, a Antropologia, a Comunicação, a Filosofia, dentre outros. No caso da formação do professor de dança, a articulação com o campo de conhecimento da Pedagogia se faz imprescindível. Pretende-se formar um profissional que, além do domínio dos conhecimentos específicos da dança, seja capaz de promover a articulação dos múltiplos saberes necessários à demanda do seu exercício profissional, inclusive aqueles advindos de suas vivências anteriores e extraescolares, bem como do contexto social de seus alunos. Soma-se ao perfil a compreensão das questões que envolvem o ensino da dança, a capacidade de avaliar criticamente sua própria atuação e a capacidade de interagir de forma cooperativa com a comunidade profissional, acadêmica e artística na elaboração de projetos e investigações no campo da dança.
Faz-se importante destacar a formação de um profissional atento à promoção do conhecimento em dança, que articule o fazer artístico, a apreciação das obras de arte e a contextualização histórico e social das mesmas. Nas Diretrizes Curriculares Nacionais, tais referências estão implícitas nos objetivos de desenvolvimento do pensamento reflexivo, da sensibilidade artística e estética e da capacidade de compreender e intervir criticamente em diversos contextos culturais da dança.
O professor da área precisa se compromissar com a educação especial, incorporando os princípios de uma pedagogia da qual pessoas com necessidades especiais possam se beneficiar, a partir da inclusão e da participação efetiva na sociedade. Assim, o professor de dança pode desenvolver seu trabalho numa perspectiva inclusiva, com deficientes físicos, deficientes sensoriais (audição e visão), portadores de distúrbios na fala e superdotados. Ao se considerar a complexidade e o desafio do trabalho descrito, salienta-se a formação de um profissional que seja capaz de estabelecer interfaces com profissionais de outras áreas como a Psicologia, a Fisioterapia, a Fonoaudiologia dentre outras, e que compreenda os limites e possibilidades de sua atuação como professor de dança em contexto multifacetado. A isso somado, sugere-se ainda que o professor considere formas de inclusão no que tange a uma educação voltada para a diversidade étnica da população brasileira como os saberes étnico-culturais da população negra e indígena.
Competências Profissionais Gerais:
1.7.2 Competências profissionais específicas
A proposta metodológica está fundada na conjunção teoria-prática que articule os três eixos que norteiam o campo de atuação da universidade, respectivamente: ensino, pesquisa e extensão.
A relação de reciprocidade e interação entre a teoria e a prática recobre múltiplas maneiras do seu acontecer na formação docente e abrange diversos modos de se fazer a prática, tal como exposto no parecer CNE/CP 9/2001.
Uma concepção de prática mais como componente curricular implica vê-la como uma dimensão do conhecimento, que tanto está presente nos cursos de formação nos momentos em que se trabalha na reflexão sobre a atividade profissional, como durante o estágio nos momentos em que se exercita a atividade profissional (Parecer CNE/CP 9/2001, p.22).
O estágio supervisionado deve ocorrer de forma gradativa, de modo que o professor em formação possa envolver-se com a realidade do ambiente escolar e atuar diretamente na sala de aula, bem como em demais espaços artísticos e educativos que tenham relação com a sua formação.
A elaboração do trabalho de conclusão do curso consiste na elaboração de um memorial acadêmico e será exigido como um dos processos relevantes para a qualificação do professor em formação. É importante buscar relatar-problematizar fatos e produções que fazem parte da formação do licenciando e que sejam pertinentes e relevantes para a área da dança, como contributos à construção de novos saberes nessa área e edificação de novas proposições para o seu ensino.
Articula-se no Projeto Político de Curso – PPC – a ênfase no conhecimento como algo capaz de articular métodos entre o fazer artístico, a apreciação da obra de arte e a contextualização dos processos histórico, social e pedagógico. Faz-se necessário conhecer e experienciar as diferentes técnicas e gêneros que compõem o universo da dança. A apreciação pode ocorrer por intermédio do ato de assistir a espetáculos de dança, vídeos e trabalhos de criação elaborados pelos discentes ao longo do curso, dentre outros. A contextualização deve se processar através do estudo da dinâmica histórica e cultural, da estética e do exercício crítico de leitura da obra (DIRETRIZES PARA O ENSINO DA DANÇA, 1998, p.10), como também da identificação da realidade sócio-cultural dos diversos espaços nos quais o ensino da dança pode ser desenvolvido como escolas, clubes, academias, centros comunitários, diagnosticando interesses e necessidades da comunidade envolvida na intervenção.
- Adoção de novos cenários de ensino da dança, além da universidade, como por exemplo, escolas do ensino básico da rede particular e pública de ensino, escolas de dança, academias e clubes;
- Adoção de novas metodologias de ensino-aprendizagem e de avaliação, que estimulem o professor em formação a procurar ativamente o conhecimento relacionado com a prática social onde são gerados e para o qual devem estar voltados e a adquirir habilidades, comportamentos e atitudes especificados no perfil;
- Adoção de uma atitude que estimule no professor em formação o interesse pela pesquisa, criando núcleos de estudos que abarquem diversos profissionais e envolva o corpo docente e discente na identificação dos interesses e necessidades de uma dada comunidade. A partir desse diagnóstico, é possível eleger conteúdos significativos a serem trabalhados no decorrer do estudo e a mobilização em torno de possíveis estratégias de intervenção, que possam suprir pelo menos algumas das carências identificadas naquele grupo social investigado.
Relacionar efetivamente a teoria e a prática, o ensino, a pesquisa e a extensão, possibilita-se ao professor em formação construir o conhecimento a partir de uma realidade vivida, na qual ele aprende com o fazer, efetua trocas com a comunidade, com o corpo docente, com profissionais de outras instituições de ensino e com os próprios colegas de curso.
A avaliação refere-se aos princípios norteadores do Projeto Pedagógico estabelecidos no marco referencial, e estende-se aos objetivos, perfil do egresso, competências, habilidades e atitudes, estrutura curricular e flexibilização, corpo docente, discentes e infra-estrutura. Para tanto, coloca-se a necessidade de realização de algumas medidas, tais como:
· desenvolvimento de uma política de qualificação do corpo docente em consonância com as tendências internacionais na área de Artes e Educação;
· capacitação didático-pedagógica, no início de cada semestre letivo, através de cursos, semana pedagógica ou outras atividades compatíveis;
· realização de intercâmbios com outras instituições de ensino superior e com os sistemas educacionais para o desenvolvimento de uma política de integração entre as universidades e a sociedade;
· realização de fóruns abertos de avaliação, bem como junto ao Conselho Departamental, Colegiado do Curso e Câmaras de Ensino, Pesquisa e Extensão;
· avaliação do desempenho acadêmico, semestral, por meio de questionários de avaliação e auto-avaliação para professores, alunos e funcionários;
· ampla divulgação dos resultados dos processos avaliativos através de fóruns, relatórios de produção docente, além de outros mecanismos, com periodicidade anual, por parte da Coordenação do Curso, Colegiado e outros Conselhos;
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