Papel da Vitamina D e de marcadores inflamatórios em pacientes internados
em UTIs durante diferentes picos pandêmicos do SARS-CoV-2
Inflamação; covid-19; vitamina D.
O prognóstico da covid-19 depende de vários fatores, incluindo a resposta
imunológica do paciente, estado metabólico e nutricional e as características
genéticas do vírus. Este estudo investigou o perfil inflamatório, estresse oxidativo e
níveis de vitamina D em pacientes internados em unidades de terapia intensiva no
Hospital do Coração (HC) e no Hospital Giselda Trigueiro (HGT), infectados com a
linhagem cepas B.1.1.33 (2020) e P.2 ou P.1 (Gama) do SARS-CoV-2,
respectivamente. Pacientes com RT-PCR positivo foram organizados em dois grupos:
o primeiro grupo teve seu sangue coletado de abril a maio de 2020 (B.1.1.33). O
segundo grupo teve o sangue coletado em janeiro e fevereiro de 2021 (P.2/P.1).
Foram determinadas as contagens globais e diferenciais de leucócitos, a relação
neutrófilo-linfócito (NLR), razão plaqueta-linfócito (PLR), níveis sistêmicos de proteína
C reativa (PCR), desidrogenase láctica (DHL), creatinina, vitamina D, malondialdeído
(MDA) e de citocinas e quimiocinas. Com base nas características hematológicas e
dosagens de marcadores sanguíneos, foram caracterizados dois diferentes grupos,
observando-se que os pacientes com P.2/P.1 (grupo 2 – G2) apresentaram maior
número de leucócitos, principalmente neutrófilos, com maiores proporções de NLR e
PLR quando comparados aos pacientes B.1.1.33 (grupo 1 – G1). Além disso, foram
encontrados níveis mais elevados de DHL, CXCL8 e MDA e menores níveis de
vitamina D, GM-CSF e IFN- nos pacientes do grupo 2. A neutrofilia observada
juntamente com níveis elevados de CXCL8 e DHL nos pacientes do grupo 2 sugerem
maior suscetibilidade à ocorrência de piroptose e NETose, que podem desempenhar
um papel importante na gravidade do dano pulmonar e no comprometimento sistêmico
durante a covid-19 causada pelas linhagens P.2 e P.1, em contraste com pacientes
com uma linhagem mais ancestral do vírus.