câncer, pacientes imunossuprimidos; parasitos intestinais; tratamento oncológico; sintomatologia.
Diversos estudos relatam a incidência de parasitos intestinais oportunistas em populações de pacientes imunossuprimidos, em pacientes submetidos à hemodiálise, em transplantados e naqueles que possuem doenças autoimunes. Porém, há poucas informações sobre esses parasitos em pacientes oncológicos submetidos ou não ao tratamento oncológico. Desse modo, objetivou-se avaliar a incidência de parasitos intestinais em pacientes oncológicos atendidos em um centro de referência do Rio Grande do Norte, a fim de evidenciar se há relação entre a sua presença, o estado de saúde do paciente e a realização do tratamento oncológico, além de estabelecer uma associação com as suas características sociais, econômicas e comportamentais. Para isso, foram solicitadas amostras de fezes frescas de 67 pacientes oncológicos com idade igual ou maior a 18 anos, que foram diagnosticados com qualquer tipo de câncer, estando ou não em tratamento oncológico e que aceitassem participar da pesquisa assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). As amostras foram submetidas aos métodos de Holfmann, Pons e Janer (HPJ), Willis e Rugai, para determinar a presença de parasitos intestinais e foi aplicado um questionário sobre os aspectos sócio-econômico, hábitos alimentares e de higiene e informações quimioterápicas e parasitológicas dos pacientes. Os dados coletados foram tabulados e analisados usando estatística descritiva (medidas de posição (mediana e moda), frequências absoluta e relativa), tabelas de contingência e teste de Qui-Quadrado, no software R ® [R Core Team (2021)]. A positividade dos exames parasitológicos de fezes foi de 56,7%, sendo que 74,2% foram caracterizados como infecção monoparasitária e 25,8% infecção múltipla. Endolimax nana (36,8%) e Entamoeba coli (34,2%) foram prevalentes, seguidos de Entamoeba histolytica, Giardia lamblia, ovos de Hymenolepis spp., e ancilostomídeos. A faixa etária mais acometida pelo parasitismo foi de 30 a 59 anos, do sexo feminino e em tratamento oncológico. Com relação ao tipo de câncer, 87% dos pacientes parasitados apresentavam câncer de mama concomitante ao poliparasitismo. Houve relação entre o tratamento oncológico e a presença da sintomatologia náusea (p<0.05) nos pacientes parasitados, porém, não foi identificado associação entre o parasitismo e os demais fatores avaliados no questionário (p>0.05), concluindo-se que a infecção dos pacientes independe se o paciente está ou não em tratamento oncológico e se ele apresenta sintomas como vômito e/ou diarreia.