EPIDEMIOLOGIA DA FEBRE DE CHIKUNGUNYA EM PESSOAS IDOSAS NO RIO GRANDE DO NORTE: DA MORBIMORTALIDADE À AVALIAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
Febre de Chikungunya; Pessoa idosa; Sistemas de Informação em Saúde; Estudo de avaliação; Vigilância Epidemiológica.
A Febre de Chikungunya é uma doença que pode apresentar sinais clínicos por um período de até três anos após a sua apresentação inicial. Foi relatada pela primeira vez na década de 50 na região da Tanzânia e teve o primeiro caso relatado no Brasil em 2010. Desde então, o Brasil vive em situação endêmica, tendo registrado mais de 800 mil casos da doença. Porém, os Sistemas de Informação em Saúde envolvidos nas notificações do agravo, óbitos e hospitalizações apresentam necessidade de avaliação quanto à qualidade dos dados registrados. Desta forma, o objetivo deste estudo é avaliar a Febre de Chikungunya em pessoas idosas no Rio Grande do Norte quanto ao perfil epidemiológico e qualidade dos Sistemas de Vigilância Epidemiológica, no período entre 2016 e 2020. Este estudo caracteriza-se por ser epidemiológico analítico transversal e de avaliação da qualidade dos sistemas de informação em saúde, sendo analisados os atributos da completitude, confiabilidade, consistência, não-duplicidade e oportunidade. O estudo foi realizado no Rio Grande do Norte, com pessoas idosas, com 60 anos ou mais, acometidas pelo agravo e residentes no estado, no período entre 2016 e 2020. Os dados da pesquisa foram fornecidos pela Subcoordenadoria de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde Pública, retirados dos Sistemas de Informações de Agravos, de Mortalidade e sobre Internação Hospitalar. Foram observados 4.994 casos de idosos acometidos pela Febre de Chikungunya no Estado do Rio Grande do Norte, entre os anos de 2016 e 2020, sendo predominantes pessoas do sexo feminino (63,3%), com média de idade de 70,5 anos (±8,2 anos), da cor preta e parda (62,1%), com 49,4% sem ter completado o ensino fundamental. No período, foram registrados no Sistema de Informação de Mortalidade 47 óbitos (0,94%), tendo como causa da morte a Febre de Chikungunya. Na avaliação da qualidade dos dados, observou-se que a média geral da completitude de todos os municípios avaliados foi ruim (67,34%). A confiabilidade dos dados foi comprometida pela grande variação do Coeficiente de Correlação Intraclasse entre as regionais de saúde. Da mesma forma, a consistência dos dados foi considerada ruim. Foram observados 117 casos duplicados (2,29%), os quais os classificam como aceitável. Já quanto à oportunidade, nenhum sistema foi considerado adequado quanto à notificação em tempo. Desta forma, pode-se concluir que os perfis sociodemográfico e epidemiológico encontrados neste estudo, equivalem aos da Febre de Chikungunya no Brasil. Infere-se também, que os sistemas de informação em saúde envolvidos nas notificações do agravo, óbitos e hospitalizações pela Febre de Chikungunya em pessoas idosas no Rio Grande do Norte não apresentaram boa qualidade quanto à sua completitude, confiabilidade, consistência e oportunidade. Desta forma, é necessário que sejam implementadas ações mais assertivas por parte das secretarias de saúde para melhorar a qualidade dos dados.